A Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf) realizou nesta semana capacitação em beneficiamento e aproveitamento de resíduos de pescado, voltada para piscicultores e pescadores artesanais que desenvolvem atividades no lago artificial da barragem de Sobradinho. A capacitação foi promovida pela 6ª Superintendência Regional da Companhia, localizada em Juazeiro, na região Norte da Bahia.
As aulas teóricas e práticas foram realizadas na Unidade Modular de Beneficiamento de Pescado da Associação de Pescadores e Apicultores de Casa Nova (BA), e reuniram 24 homens e mulheres do município. A capacitação foi ministrada pela piscicultora Maria Aparecida Mendes, conhecida na região como Cida Pescadora em razão do trabalho que desenvolve em piscicultura familiar há mais de 20 anos.
A programação incluiu orientações sobre higiene e boas práticas de manipulação do pescado, evisceração, preparação de itens como hambúrguer de peixe (fishburguer), filé de tilápia, espetinho (ou kafta) e caldo de peixe, assim como sobre transformação de resíduos em matéria prima para alimentação de animais e noções de regulamentação, embalagem e comercialização de produtos.
"A capacitação também deverá ser realizada nas cidades de Curaçá e Sobradinho nos próximos meses, com o objetivo de oferecer aos participantes alternativas para agregar valor ao pescado que produzem e comercializam, além de aproveitar as sobras da produção, que antes eram descartadas, para a obtenção de subprodutos que possam ter valor comercial, como a farinha de peixe, o óleo retirado das vísceras e o couro, que já tem seu lugar no mercado artesanal", afirma Marcel Assunção, engenheiro de pesca da Codevasf que acompanha a realização do curso.
"O aproveitamento das sobras de uma filetagem do peixe, por exemplo, que antes eram descartadas sem controle adequado, podem servir de matéria prima para a composição de novos subprodutos para comercialização, o que pode aumentar a renda familiar", acrescenta Assunção.
A capacitação em beneficiamento e aproveitamento de pescado foi promovida pela Unidade de Desenvolvimento Territorial – vinculada à Gerência Regional de Revitalização – da Codevasf em Juazeiro. Ao final do curso foi realizada uma feirinha para exibição dos produtos. No encerramento das aulas houve entrega de certificados e degustação para convidados.
Maria Aparecida, a Cida Pescadora, é responsável pelo desenvolvimento de produtos oriundos da piscicultura e da pesca artesanal, muitos deles voltados para comercialização em supermercados e bares e composição de merenda escolar, como o biscoito produzido com farinha de tilápia e vendido em forma de peixe. Segunda Cida, o produto atrai a atenção e a preferência das crianças. O biscoito é rico em cálcio, fósforo, ferro, proteínas e ômega 3. O defumado e a farinha feita com espinha do peixe são outros produtos que ela desenvolveu e que já possuem certificação sanitária.
A relação de Cida com a Codevasf começou com a implantação de um projeto de piscicultura no lago artificial da barragem da hidrelétrica de Sobradinho no final da década de 1990. A alagoana foi uma das integrantes do primeiro grupo de homens e mulheres interessados em desenvolver a atividade com o apoio da Companhia.
Hoje há registro de ao menos 11 associações de piscicultores e 14 produtores independentes atuando no lago, com produção média estimada em 80 toneladas de peixe por ano. A tilápia é o foco da produção em tanque rede; ela pode ser comercializada após o período de oito a doze meses de criação. A distribuição ocorrea em mercados regionais e cidades como Petrolina, em Pernambuco, e Juazeiro, Casa Nova, Senhor do Bonfim e até Salvador, na Bahia.
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