Cerca de 200 trabalhadores e trabalhadoras, assalariados/as rurais do Vale do São Francisco se reuniram nesta segunda-feira (14), em Juazeiro, para discutir as condições atuais de trabalho na região e construir a pauta de negociação coletiva da campanha salarial unificada 2020. O debate reuniu 11 sindicatos rurais e representantes das federações e confederações dos estados da Bahia e Pernambuco.
A programação matutina contou com a cerimônia de abertura, realizada pelas entidades ligadas a classe trabalhadora e palestras, que discutiram a conjuntura política e econômica do país, realizada por membros do DIEESE e pelo presidente PCdoB de Pernambuco, Marcelino Granja.
No período da tarde, os assalariados e assalariadas participaram de um debate sobre legislação, onde foram discutidos os efeitos da reforma trabalhista para os assalariados, além de esclarecimentos a respeito do texto da lei realizados pelo auditor fiscal da Gerência Regional do Trabalho deJuazeiro e especialista em direito processual e direito do trabalho Diego Barros Leal.
O evento segue até esta terça-feira (15), e encerra com a construção da pauta coletiva, que será negociada com a classe patronal no próximo ano. "A expectativa é que a gente faça uma pauta de reivindicação objetiva, no sentido de indicar para a classe empresarial o que é de fato prioridade, para que se consiga assegurar para os trabalhadores, melhores condições de trabalho e salariais", explicou José Manuel dos Santos, secretário de administração e finanças da Federação dos Assalariados e Assalariadas do Estado da Bahia (FETAR-BA).
Maria Paixão Gomes (49) é delegada sindical em Lagoa Grande e participa pela primeira vez da campanha salarial. Ela trabalha com a uva há sete anos e espera que a construção da pauta possa manter o que já foi conquistado e garantir novos direitos para todos os trabalhadores. " Espero levar boas propostas para os nossos companheiros de trabalho e que sejam aprovadas durante a negociação com os patrões", afirmou.
Os acordos coletivos unificados da hortifruticultura do Vale do São Francisco têm 26 anos de histórias e conquistas na região e o vereador e sindicalista Agnaldo Meira tem ajudado a promover esse debate, desde o início das negociações em 1993. "O governo federal está colocando abaixo todos os projetos sociais. Por isso, precisamos continuar lutando pelos direitos conquistados e vamos permanecer unidos e organizados para não perdermos o que já conquistamos", pontuou Meira.
Entre os principais assuntos que serão debatidos nesta terça, com a formação dos grupos de trabalho serão o aumento salarial, jornada de trabalho e questões relativas aos direitos das mulheres. A presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Petrolina, Lucilene dos Santos Lima, declarou que atualmente as assalariadas estão vivendo um momento de grandes retrocessos trabalhistas, principalmente as gestantes e mães com filhos pequenos.
"Queremos melhorar a vida da trabalhadora gestante. 75 % da mão de obra daqui da região são das mulheres, mas o que deixa a gente mais indignada é que na hora de efetivar o trabalho, quem ocupam as vagas são os homens. No período de safra somos a maioria, mas quando é para efetivar o nosso trabalho, somos punidas e o argumento usado são os filhos, o fato de engravidar ou de levar a criança para a escola", denunciou.
Estão participando da plenária de construção da pauta coletiva unificada do assalariamento do Vale do São Francisco, os sindicatos rurais de Juazeiro, Lagoa Grande, Petrolina, Santa Maria da Boa Vista, Sento Sé, Sobradinho, Curaçá, Belém do São Francisco, Inajá, Abaré, o Sintagro, além da Fetaepe, da Fetar-BA, da Contar, da CTB e da CUT
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