A relação entre mídia e concentração da terra, passando pela constatação da ausência do debate acerca do clima nos meios de comunicação e a necessidade de pautar a viabilidade do Semiárido por meio de uma educação contextualizada e uma produção apropriada, foram temas em evidência na VIII Capacitação para Promoção das Viabilidades do Semiárido. O curso aconteceu entre os dias 04 e 06 de outubro no Centro de Formação Dom José Rodrigues, em Juazeiro – BA.
As/os participantes são estudantes do curso de Comunicação Social, com habilitação em Jornalismo em Multimeios, da Universidade do Estado da Bahia (Uneb) e em Publicidade e Propaganda, da Faculdade São Francisco de Juazeiro (Fasj). Mestrandas do Programa de Pós-Graduação em Educação, Cultura e Territórios Semiáridos - PPGESA, da Uneb, também participaram do evento, bem como estudantes de psicologia da Universidade de Pádua, na Itália, que estão realizando intercâmbio na região.
A programação chamou atenção das/dos estudantes porque desperta “para, além de conhecer uma realidade que sempre esteve presente na minha vida e eu nunca percebi dessa forma, pra pautar o Semiárido no jornalismo por uma nova perspectiva”, pontua Pedro Miranda, estudante do 6º período de jornalismo. Na opinião de Priscila Souza, estagiária da Tv Caatinga, da Univasf, uma das coisas que ela leva do curso é o compromisso em divulgar o Semiárido de forma contextualizada. “É uma grande responsabilidade em nós enquanto comunicadores começar a representar [o Semiárido] de dentro pra fora (...), é uma forma de reflexão pra que na prática a gente consiga colocar tudo que foi discutido aqui”, considera a estudante.
O presidente do Irpaa, Haroldo Schistek, esteve presente em alguns momentos da capacitação e destaca o interesse das/dos jovens em participar do curso. Para ele, tanto as expectativas iniciais compartilhadas pelos/as participantes quanto as avaliações demonstraram que são estudantes engajados/as e que já vem se aproximando de alguma forma da proposta de convivência. “Cada um é como se tivesse escrito uma ideia na cabeça sobre o que significa esse encontro e como vai ser útil para vida dele”, ressalta.
Além de momentos de debates teóricos a partir da proposta de Convivência com o Semiárido, a turma conheceu diversas tecnologias disponíveis no Centro de Formação. Dentre as tecnologias visitadas, três sistemas de reúso de águas cinzas e turvas, proveniente do esgoto doméstico, chamaram atenção da estudante Flávia Carvalho. Ela diz que em sua residência na cidade de Petrolina (PE), já é feito reaproveitamento de água, porém a proposta do saneamento rural é algo novo para ela, um assunto que, na opinião das/dos estudantes, pode e deve ser explorado pela imprensa local.
Crítica da Mídia
No último dia do evento, a comunicação como direito humano e a crítica ao monopólio da mídia existente no Brasil foram temas presentes na programação, que também aprofundou o debate sobre o poder que os meios de comunicação tem em construir e reproduzir estereótipos negativos sobre o Semiárido brasileiro. Para estimular as/os estudantes a contraporem essa realidade, a comunicação popular e a educomunicação são apontadas como estratégias fundamentais, o que foi vivenciado na prática a partir da produção de peças voltadas para fotografia e vídeo.
Brisa Laiane Alexandria, é estudante de Publicidade e Propaganda da Fasj e avalia o curso como algo necessário. Ela externa que a contextualização é fascinante e promove rupturas, possibilitando “promover um novo olhar a partir da publicidade”, o que é necessário para desconstruir o estereótipo negativo da região, muitas vezes presente até mesmo no imaginário da população regional, percebe a estudante. Já Agda Rios, estudante do mestrado, disse que não poderia concluir o curso sem vivenciar esta experiência no Irpaa, uma vez que a instituição é bastante citada na pós-graduação.
O curso de capacitação para promoção das viabilidades do Semiárido foi ministrado por colaboradoras e colaboradores do Irpaa, com a participação da comunicadora Elka Macedo, que inclusive foi participante da primeira edição do curso. O evento é realizado através de parceria entre o Irpaa e o Departamento de Ciências Humanas da Uneb, através da WebTv e do PPGESA. Diversos profissionais de comunicação que hoje atuam em Organizações Não Governamentais, movimentos sociais, assessorias políticas e veículos de comunicação do Nordeste já participaram do curso, que teve sua primeira edição em 2008.
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