Todo caderno de colorir é uma oportunidade das crianças pintarem o mundo da forma que costumam ver, animadas. Mas, como é deixar tudo alegre ainda em preto e branco? É brincando com aventura de ser criança que Heitor Rodriguês, um dos artistas visuais selecionados no projeto Se Mostra Interior, uma parceria entre a Fundação Cultural da Bahia e o Teatro Gamboa Nova, mostra a realidade do interior com o jeitinho das crianças de contar.
Nascido em Feira de Santana, Heitor se mudou para estudar Engenharia Civil na Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf), em Juazeiro (BA). Até aí a história é comum a de muitos estudantes, exceto quando a fotografia passa ser sua principal forma de sustento. Entre a máquina fotográfica da madrinha e da equipe de produção de eventos do pai, o engenheiro descobriu o prazer que passou a gerar curiosidade: Como é ser engenheiro e fotógrafo?
"Não gosto da dualidade de 'ou você gosta de exatas ou você gosta de artes', eu admiro as áreas de conhecimento e suas expressões", comenta Heitor. Em 2016 ele começou a atuar profissionalmente registrando casamentos. Ao longo do tempo o engenheiro passou por congressos e eventos para aperfeiçoar seu trabalho.
Foi no curso engenharia que a introdução à linguagem fotográfica fez com que ele despertasse para as artes visuais. "Começo um processo contínuo de autoanálise, buscando libertar minha capacidade criativa e expandindo meu olhar para o mundo a fora ainda na graduação", ressalta. Heitor então passou a fazer parte do grupo de fotógrafos Jornada do Vale de São Francisco, que viaja para outros municípios para vivenciar e fotografar as realidades dos habitantes.
Preto e branco e o colorido da infância:
Foi no distrito de Vermelho, em Lagoa Grande (Pernambuco), que se deparou com aquelas crianças brincando nas ruas e o fez refletir como as crianças encontram a felicidade nas pequenas coisas em uma realidade menos urbana. "Quando fiz as fotos, o grupo havia saído para campo e eu estava já enturmado com a criançada, por isso resolvi ficar. Para mim, fazer foto é viver aquela realidade nem que seja por curto período", destaca Heitor.
Fotografar crianças é algo que chama a atenção do fotógrafo desde quando não era profissional. "Sempre gostei de fotografar meus primos menorzinhos. É dentro do seio familiar que vou descobrindo um pouco da minha assinatura na fotografia", explica o engenheiro. De pés no chão, saltando no mar e girando no carrossel são algumas das imagens que compõem a série "Aventura é ser criança", que também selecionada no projeto Pirilampos da Caatinga e teve algumas publicadas na Revista Lavoura.
"Minha maior referências na fotografia é Pierre Verger, por isso eu gosto muito de usar o efeito do preto e branco, acredito que enleva os aspectos antropológicos", diz. É a espontaneidade e alegria de ser criança que colorem as imagens do catálogo deste mês dedicado à infância no Teatro Gamboa Nova. Heitor conta que soube do concurso por conta da companheira Erika Ribeiro, que foi selecionada no edital Grafias Eletrônicas, também promovido pela Funceb, deste ano.
"Sou muito grato a ela por ter sido selecionado, ela muito me incentivou", relata. Para o fotógrafo, fazer parte do projeto é uma oportunidade de mostrar a produção fotográfica no cenário do interior baiano. "Convocatórias como estas realizadas pela Funceb é de suma importância para dar novos rostos às artes para além das capitais, fico muito feliz de ter poder mostrar a as fotos que fazemos por aqui", comenta animado.
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