A população de Angico dos Dias e de comunidades do entorno, no município de Campo Alegre de Lourdes (BA), está assustada com a notícia de que a mineradora Galvani voltará a usar explosivos. Há cerca de três anos, a empresa, localizada no território das comunidades tradicionais de fundo de pasto, realizou explosões que provocaram diversos prejuízos aos trabalhadores/as rurais. As comunidades temem que agora os impactos possam ser maiores.
De acordo com a Associação de Fundo de Pasto de Angico dos Dias e Açu, as primeiras explosões da Galvani causaram rachaduras em várias casas e cisternas, além de espalhar o sentimento de terror na população. "Eu ia entrando na porta do fundo em casa e aquele vento daquele negócio me jogou pra dentro que eu quase bato na outra parede, ficou todo mundo muito abalado com aquilo, porque ninguém nunca tinha visto", relata um dos moradores da comunidade. A Associação destaca que até hoje nenhum dano provocado nas casas das famílias foi reparado pela empresa.
Não é apenas a população de Angico dos Dias, onde vivem cerca de 400 famílias, que está preocupada, mas todas as comunidades vizinhas, já que só o barulho do funcionamento da mineração alcança um raio de aproximadamente 15 km. Além disso, a empresa mandou que os/as trabalhadores/as prendessem os animais durante as explosões que querem realizar. O que viola o direito das comunidades tradicionais de fundo de pasto de exercerem seu modo de vida, caracterizado pela criação à solta. "Se tá mandando retirar os animais é porque é muito perigoso", alerta uma moradora de Angico.
Quando aconteceram as primeiras explosões, a comunidade de Angico dos Dias encaminhou uma denúncia ao Ministério Público do Estado da Bahia. A população espera que os órgãos competentes impeçam que a Galvani realize novas explosões.
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