O presidente da República, Jair Bolsonaro, abre a 74ª Assembleia Geral das Nações Unidas nesta terça-feira, dia 24 de setembro. A fala inicial do Brasil cumpre uma tradição de 1947, quando o diplomata Oswaldo Aranha presidiu a Assembleia em dois momentos.
Primeiro, entre abril e maio, quando o Reino Unido solicitou uma convocação extraordinária para discutir o status da Palestina, que desde o fim da Primeira Guerra Mundial estava sob um mandato britânico. E depois, em novembro de 1947, quando esteve à frente da 3ª Assembleia Geral das Nações Unidas que discutiu e aprovou a criação do Estado de Israel.
Neste contexto, o diplomata declarou na tribuna das Nações Unidas: “Minhas decisões, mesmo que elas sejam pessoais, vão estar inspiradas na minha projeção delas em direção a vocês e na aderência do Brasil a sua tradição histórica de imparcialidade e de cultura jurídica e, por último, mas não menos importante, no apoio favorecido do meu país às Nações Unidas”.
O professor de Relações Internacionais da Universidade de Brasília, Juliano Cortinhas, explicou que a decisão de o Brasil abrir a assembleia decorreu de dois fatos: a atuação na Segunda Guerra Mundial, quando o país combateu ao lado dos norte-americanos na Itália em 1945; e por não ter obtido um assento permanente no Conselho de Segurança das Nações Unidas, que é formado por EUA, França, Reino Unido, China e a Rússia (ex-União Soviética).
“No sentido de que a gente não teve esse pleito atendido, a cadeira no Conselho de Segurança da ONU como membro permanente, nos é dada essa prerrogativa de fazer sempre o discurso inicial”, disse.
Para o embaixador e diretor do Departamento das Nações Unidas do Ministério das Relações Exteriores, Luis Fernando Abbott Galvão, essa tradição traz visibilidade ao Brasil. “É uma ótima oportunidade para proferir a visibilidade ao discurso brasileiro no debate geral da Assembleia. Então, é um momento em que os estados membros estão todos presentes no debate geral, os líderes”, defendeu.
Nem sempre foram os presidentes do país que abriram a Assembleia Geral das Nações Unidas. Muitas vezes esse papel coube ao chanceler brasileiro, o ministro das Relações Exteriores.
Em 1974, no governo do presidente Ernesto Geisel, o chanceler Azeredo da Silveira fez um discurso que enfatizou o pragmatismo e a responsabilidade da diplomacia brasileira a partir dos princípios do universalismo, da diversificação de parcerias e da primazia dos interesses nacionais. Onze anos antes, em 1963, no governo do ex-presidente João Goulart, outro chanceler, Araujo Castro, proferiu o discurso.
© Copyright RedeGN. 2009 - 2024. Todos os direitos reservados.
É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita do autor.