Nesta segunda-feira (9), às 14h, a Associação dos Fornecedores de Cana de PE (AFCP) recebe as lideranças de todas entidades canavieiros no NE para avaliarem os impactos das medidas do governo federal sobre a renovação e a ampliação do volume da importação do etanol dos EUA sem taxação.
O encontro foi marcado às pressas pela União Nordestina dos Produtores de Cana (Unida) logo após a publicação da portaria 547 do Ministério da Economia na última semana. 750 milhões de litros do etanol de milho dos EUA poderão entrar sem nenhum imposto no mercado interno brasileiro, competindo com o combustível local. A medida afeta o Nordeste, região que tem recebido 90% do volume importado e está em plena safra de cana.
"Dos já quase 1 bilhão de litros importados pelo Brasil no ano, 920,61 milhões foram só dos EUA. Volume tem criado dificuldade para a cadeia do etanol local", diz Alexandre Andrade Lima, presidente da AFCP e ainda da Federação dos Plantadores de Cana do país. Ele antecipa que a Unida e todas as entidades canavieiras reivindicarão contrapartidas para o setor, visto que a antiga cota de 600 milhões de etanol dada aos estrangeiros já vinha provocando prejuízos a cadeia sucroenergética nacional, sobretudo no mercado do NE, onde fica quase a totalidade para ser comercializada.
"Vamos hoje decidir quais as nossas demandas de contrapartidas que o governo precisará apresentar para evitar as consequências negativas sobre a cadeia sucroenergética nordestina e toda econômica local diante da manutenção e ampliação da cota de isenção do etanol dos EUA", conta Lima. O dirigente também preside a Câmara Setorial da Cadeia Produtiva da Cana no Ministério da Agricultura. Ele lembra que a 1ª deliberação deste grupo este ano foi, por unanimidade, o fim da cota de isenção do etanol estrangeiro, acolhido e defendido pela ministra da pasta, Teresa Cristina.
Ainda com a cota de 600 milhões de etanol, de janeiro a julho deste ano, já entrou no Brasil 982,82 milhões de litros de etanol anidro, destes, 920,61 milhões somente oriundo do país do presidente Donald Trump. Quase a totalidade desse volume foi comercializado só no NE.
"Se não houver nenhuma contrapartida, ampliar a cota do etanol dos EUA sem nada em troca vai de contra o nosso produtor, em especial contra os 23 mil canavieiros do Nordeste e de seus 250 mil trabalhadores, bem como todas as usinas produtores de etanol na região. Contraria ainda a cadeia produtiva do Centro-Sul que também fornece ao mercado do NE", frisa Lima, a espera de que contrapartidas sejas anunciadas pelo governo.
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