Acho que poucas vezes em nossa história se tenha testemunhado um episódio gerador de tantas controvérsias e envolvido tanta gente em duvidosas preocupações ambientais, como as queimadas que atingiram a Amazônia nos últimos dias. É óbvio que qualquer que seja a intensidade de um incêndio que envolva uma floresta da magnitude da Amazônia, de uma flora e fauna de incomensurável potencialidade, o fato irá sensibilizar e preocupar as pessoas de bom senso, não só brasileiras como de qualquer parte do mundo.
Apesar de tudo isso, o que se percebe dos dados históricos divulgados pelo INPE e objeto de amplos comentários por parte de analistas independentes e não ideológicos, as secas são um fenômeno cíclico que ocorre sempre em todas as regiões do Brasil e nos países vizinhos da América do Sul. Segundo a NASA, após análise de dados informados pelo satélite, o total de incêndios na Amazônia em 2019 “aproxima” da média registrada nos últimos 15 anos!
Portanto, nada de especial e inédito está acontecendo que justifique essa repentina avalanche de descontroladas manifestações apaixonadas em defesa do Meio Ambiente. Os registros indicam que já houve incêndios mais intensos nas últimas décadas, e ninguém percebeu a mesma gravidade, nem os riscos e perigos por que passou o “pulmão do planeta”? Há um outro detalhe comentado pelos técnicos é de que a maior quantidade de focos de incêndio está ocorrendo em queimadas na área amazônica dos países vizinhos – exemplo da Venezuela e Bolívia – mas o noticiário não comenta e a repercussão recai somente sobre o Brasil! Seria pela coincidência de serem países dominados pela esquerda?
É de surpreender que somente agora esse sentimento aflore com tanto ímpeto, despertando no Presidente da França, Emmanuel Macron, a grande oportunidade de transformar um fenômeno trágico da natureza num fato político, cujos interesses geoeconômicos podem estar aparentemente ocultos para uns, mas, de objetivos muito claros para muitos, principalmente para nós brasileiros.
Foi simplesmente chocante a forma como o Macron patrocinou uma ampla e vergonhosa campanha visando negativar a imagem do Brasil perante o mundo, sem alcançar o sucesso pretendido ao tentar atrair os Presidentes das demais potências que integram o G7 para romperem o acordo comercial entre o Mercosul e a União Europeia, em cuja votação a sua proposta foi derrotada. Está preocupado, sim, em atingir o agronegócio brasileiro e, em paralelo, exibir o olho grande nas reservas de ouro e outros minerais existentes no subsolo da Amazônia. Então, de bonzinho e solidário, ele não tem nada!
Diante da simpatia e do respeito que todas as Nações têm à França, pelo exemplo de lutas históricas na defesa da liberdade política e defesa dos direitos individuais, jamais seria de se imaginar que o seu Presidente fosse capaz de agredir a nossa soberania, ao defender a criação de um “status internacional para a Amazônia”! É uma atitude colonialista inaceitável, cuja intenção de vir a oficializar a ocupação de parte do nosso território foi de uma clareza elementar...! Questionado, procurou amenizar o seu discurso, mas, sem esconder o caráter de ameaça e desrespeito contidos em suas declarações: “Não é hoje que vamos decidir nada sobre isso, mas é um tema que permanece aberto e continuará a prosperar, nos próximos meses e anos”.
Embora mereça destaque a postura do Presidente Bolsonaro na defesa de nossa soberania, em contraposição às atitudes agressivas do Presidente da França, não posso concordar, contudo, com o linguajar descortês e nada diplomático utilizado por ambos os Presidentes em algumas declarações públicas, o que contraria todos os padrões vigentes e não condiz com as relações internacionais de mútuo respeito e elegância entre países amigos. E é esse linguajar pobre e fútil que está a nos incomodar, por se tratar de nada menos que o presidente da 8ª. Economia Mundial, batendo boca todos os dias!
O que todos nós desejamos é que haja uma ação integrada de solidariedade para o combate efetivo dessas queimadas, sem vaidades ou preconceitos políticos de qualquer ordem, para que a tranquilidade e a vida possam ser restabelecidas em todas as comunidades indígenas ou não da área amazônica.
Autor: Adm. Agenor Santos, Pós-Graduação Lato Sensu em Controle, Monitoramento e Avaliação no Setor Público – Salvador-BA.
© Copyright RedeGN. 2009 - 2024. Todos os direitos reservados.
É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita do autor.