No Acre, os números que contabilizam a incidência de queimadas na zona rural e urbana continuam alarmantes. Este final de semana o Corpo de Bombeiros registrou 2.149 incêndios ambientais urbanos na capital, Rio Branco. Em todo o estado, foram verificados até sexta-feira, dia 23, ao menos 2.545 focos de calor.
Este período de estiagem tem sido marcado por grande incidência de queimadas no Acre. O Acre é o 8º estado da Amazônia Legal que mais tem queimado florestas. Rio Branco é a 5ª cidade com mais focos de queimadas acumuladas neste mês de agosto. A quantidade e intensidade dos focos de queimadas e a ausência de previsão de chuvas fizeram o Governo do Acre, estado que compõe a região da Amazônia brasileira, a decretar situação de emergência em todo o estado.
Com exclusividade o BLOG GERALDO JOSÉ entrevistou o conselheiro do Crea, Acre, o paraibano Almir Paiva Santos, que mora no Rio Branco, capital do Acre desde os anos 70. Fotos acima mostram as primeiras horas do amanhecer de domingo (25). Almir conheceu o seringueiro Chico Mendes, muito antes dele ganhar fama internacional e ser assassinado na noite de 22 de dezembro de 1988. Ecologista, na época Chico Mendes era presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Xapuri, no Acre, foi morto a tiros de espingarda, no quintal de sua casa.
Almir trabalhou na Emater do Acre. Ele cita que há mais de 30 anos mora no Acre. Trabalhou em Xapuri, Brasiléa, Assis Brasil e Epitaciolândia. Nestes municípios assistiu parte da saga da amazônia. Apesar dos números Almir tem uma avaliação: "Neste momento está acontecendo muita queimada mas o sensacionalismo é muito maior". Ele ainda explica que as queimadas na Amazônia têm duas origens: limpeza de pasto (pecuária extensiva para criação de gado bovino) e desmatamento e que "as queimadas urbanas estão mais intensas".
"Amazônia pegando fogo, aí já é demais. Este ano por incrível que pareça nós que moramos na região, temos a convicção que as queimadas é bem menor, está dentro da normalidade. Já foi pior. Desde que cheguei aqui tem cheiro de fumaça. Não estão derrubando a floresta como estão divulgando. Não existe este crime que a grande imprensa esta falando. Existe sim uma guerra política. Aqui não é África. Não é tudo que publica que é fato real", disse Almir.
Almir avalia que existe uma briga política que sempre envolveu a Floresta Amazonica. "Levo em conta que outra parte dessa campanha que diz que ea floresta está queimando vem de entidades ambientalistas, de ONGs descontentes com o fim dos recursos fartos que elas recebiam, porque o atual Governo Federal está fechando a torneira".
Alguns especialistas consultados sobre as queimadas estão precavidos. “O que mostram nossos dados é que houve uma intensidade diária de incêndios acima da média em algumas partes da Amazônia durante as duas primeiras semanas de agosto”, diz Mark Parrington, do Copérnico, o programa europeu de observação da Terra.
“Mas, em geral, as emissões totais [de CO2 gerado pelos incêndios] estimadas para agosto estiveram dentro dos limites normais: mais altas que nos últimos seis ou sete anos, porém mais baixas que no começo da década de 2000”, salienta.
Dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) do Brasil detectou na Floresta Amazônica mais de 76.620 focos desde o começo do ano, quase o dobro que no mesmo período de 2018 (41.400), mas uma cifra não tão distante dos 70.625 registrados em 2016. “O número de incêndios aumentou com relação aos últimos anos e está perto da média de longo prazo”, explica Alberto Setzer, pesquisador do INPE.
A NASA também é cautelosa. "Não é incomum ver incêndios no Brasil nesta época do ano, devido às altas temperaturas e à baixa umidade. O tempo dirá se este ano é um recorde ou simplesmente está dentro dos limites normais", tranquiliza a agência espacial norte-americana em seu site.
“É verdade que a floresta amazônica sofre incêndios regularmente, mas de maneira nenhuma isto significa que seja normal. A Amazônia não evoluiu com incêndios frequentes. Os incêndios recorrentes não são um elemento natural na dinâmica da selva tropical, como em outros entornos, como o Cerrado”, adverte a bióloga brasileira Manoela Machado.
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