Centenas de trabalhadoras do campo, das florestas, das águas e das áreas urbanas de todo o Brasil marcharam nesta quarta-feira (14), em defesa dos seus territórios e na luta pela democracia, justiça social, igualdade e pelo fim da violência contra as mulheres. A Marcha das Margaridas e a Marcha das Mulheres Indígenas teve início nesta terça-feira (13), em Brasília debatendo os temas agroecologia e o enfrentamento da violência contra a mulher do campo.
Dirigentes dos Sindicatos de Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais do Vale do São Francisco, das cidades de Juazeiro, Curaçá, Uauá, Sobradinho, Petrolina, além do Sindicato dos Trabalhadores nas Empresas Agrícolas, Agroindustriais e Agropecuárias (SINTAGRO) e da União Brasileira de Mulheres (UBM), participaram da sexta edição da Marcha.
As margaridas floriram as ruas de Brasília na luta pela democracia e igualdades de direitos, destacando em gritos de guerra, a afirmação “combinaram de nos matar e nós combinamos de não morrer”. Em sua sexta edição, a Marcha das Margaridas reuniu mais de cem mil agricultoras familiares, camponesas, sem terras, acampadas, assentadas, assalariadas, trabalhadoras rurais, artesãs, extrativistas, quebradeiras de coco, seringueiras, pescadoras, ribeirinhas, quilombolas e indígenas, além de representantes de 26 países. A mobilização é considerada a maior ação de mulheres da América Latina.
Essa é a primeira vez que a Secretária de Jovens e Adolescentes do Sindicato de Trabalhadores Rurais de Juazeiro (STRJ), Maria Samara de Souza participa deste evento e se mostrou fascinada com a união das trabalhadoras em prol dos direitos das mulheres. “Chegar aqui e ver o todas as delegações, de todos os estados reunidos, lutando por direitos iguais para as mulheres, lutando por igualdade dos trabalhadores e trabalhadoras no campo, foi muito gratificante e compensador”, pontuou Samara.
A Marcha das Margaridas foi criada em homenagem a Margarida Alves, líder sindical que exercia grande influência nos trabalhadores e trabalhadoras rurais, na luta por igualdade e direitos. Margarida foi brutalmente assassinada no dia 12 de agosto de 1983, em Alagoas. Entre as principais pautas do movimento estão a luta pela manutenção dos direitos e conquistas das mulheres, a exemplo do acesso à terra, a documentação da trabalhadora rural e a garantia da aposentadoria.
“É importante esse debate e mobilização das mulheres do campo e da cidade, porque diante de todos os retrocessos desse (des) governo, as mais prejudicadas estão sendo nós, mulheres trabalhadoras rurais”, explicou a dirigente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Curaçá, Mara de Souza Cunha.
Outro aspecto reivindicado pelas trabalhadoras foi a problemática da violência contra a mulher rural, que em muitos aspectos, segundo a dirigente do STRJ de Juazeiro, Regina Lúcia Vieira, tem permanecido na invisibilidade. “ O feminicídio também acontece no campo e as mulheres sofrem violência doméstica todos os dias, porém infelizmente, ainda não é dada a importância necessária para esta questão” afirmou a dirigente.
Coordenada pela Confederação Nacional de Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares (CONTAG), a Marcha das Margaridas teve início no ano 2000 e nesta sexta edição contou com a participação de 27 Federações e de mais de 4 mil sindicatos de todo o país.
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