A Marcha das Margaridas, maior ação de mulheres da América Latina, foi o tema do discurso do deputado federal Gonzaga Patriota (PSB). O parlamentar, defensor da agricultura familiar, registrou, na Tribuna da Câmara, seu apoio ao evento e destacou a importância do movimento para democracia.
"A gente acompanha essa Marcha das Margaridas há muitos anos e a importância do evento é magnífica, pois reúne mulheres de todos os municípios brasileiros em uma marcha democrática. Essa marcha abre muitas cabeças aqui dentro do próprio parlamento brasileiro, a gente acabou de votar, alguns favoráveis, outros contrários, a Reforma da Previdência Social. Eu escrevi um livro, ainda no governo de Michel Temer, chamado: "Reforma da Previdência Social NÃO", porque eu via exatamente retirar da Constituição um dispositivo que foi proposta de minha autoria na Assembleia Nacional Constituinte: a aposentadoria de homens e mulheres do campo.
Com essa reforma, escapamos, graças ao relator e aos membros do próprio governo que concordaram em não mexer nisso. Essa aposentadoria representa uma grande distribuição de renda, principalmente para as regiões mais carentes. Quero parabenizar as Margaridas de todo Brasil, principalmente do meu Estado, e dizer que elas podem contar conosco, porque a gente sabe da importância de uma trabalhadora rural que se junta com os demais trabalhadores brasileiros, que vivem sofrendo com aquela chamada Reforma Trabalhista e que vão sofrer muito mais com essa Reforma da Previdência", avaliou Patriota.
Em sua sexta edição, a Marcha das Margaridas, organizada pela Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag), é uma manifestação realizada desde 2000 por trabalhadoras rurais do Brasil. Elas vão a Brasília chamar a atenção para o trabalho exercido por mulheres agricultoras, quilombolas, indígenas, pescadoras e extrativistas. O lema deste ano é Margaridas na Luta por um Brasil com Soberania Popular, Democracia, Justiça, Igualdade e Livre de Violência.
A grande marcha está marcada para esta quarta-feira (14), com concentração às 6h, no Parque da Cidade, em Brasília, e saída às 7h para a Esplanada dos Ministérios, onde o evento será encerrado às 11h nas proximidades do Congresso Nacional.
A primeira Margarida
Margarida Maria Alves é a "força inspiradora" da Marcha. Trabalhadora rural nordestina, conseguiu romper o padrão machista e ocupou, por 12 anos, a presidência do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Alagoa Grande, na Paraíba. Aliada à trajetória sindical, Margarida lutava e incentivava suas companheiras a lutar pelo direito à terra, pela reforma agrária. Também queria que as mulheres estudassem e fundou o Centro de Educação e Cultura do Trabalhador Rural. Aos 40 anos de idade, em 12 de agosto de 1983, Margarida foi assassinada na porta de casa. Pistoleiros armados de calibre 12 atiraram no seu rosto, na frente de seu filho e de seu marido.
O crime foi uma retaliação às denúncias que a sindicalista fazia contra abusos e desrespeito aos direitos dos trabalhadores nas usinas da região. "Seu nome se tornou um símbolo nacional de força e coragem cultivado pelas mulheres e homens do campo, da floresta e das águas", lembra a cartilha das Margaridas. "É em nome dessa luta que a cada quatro anos, no mês de agosto, milhares de Margaridas de todos os cantos do País marcham em Brasília, num clamor por justiça, igualdade e paz no campo e na cidade."
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