A decisão da nova gestão da Caixa Econômica Federal, indicada pelo presidente Jair Bolsonaro (PSL), de repassar apenas 3% de recursos para empréstimos ao Nordeste foi o centro do debate e de críticas por onde passou a Caravana da Resistência nesta sexta-feira (2). Já em Pernambuco, depois de percorrer mais de 1,5 mil quilômetros por municípios de Bahia e Sergipe, os deputados federais petistas João Daniel (SE), Valmir Assunção (BA), Carlos Veras (PE) e Paulo Pimenta (RS) refutaram a decisão e denunciaram o caso para o povo nordestino. "Primeiro é um absurdo o que a imprensa está repercutindo. De todo o recurso que a Caixa liberou, para o nordeste corresponde a 2,2%, mas o governo foi pressionado e confirmou apenas 3%, um percentual pífio. Isso mostra o boicote ao Nordeste, a perseguição a essa região", salienta Assunção.
Valmir explica que este ano, até julho, somente R$ 89 milhões dos R$ 4 bilhões fechados pela instituição financeira em operações de crédito foram para o Nordeste, sendo que foram R$ 1,3 bilhão, em 2018, ou 21,6% do total. E, segundo informações dos parlamentares, a ordem para não atender a pedidos da região partiu justamente do novo presidente da Caixa. "É uma determinação deliberada do presidente Bolsonaro que a instituição não invista nos estados nordestinos. Por outro lado, os governos aqui estão organizados para defender o Nordeste e, mesmo assim, estamos vivendo um boicote". Assunção ainda lembra que o "calote do governo federal contra o Nordeste" é ainda maior e usou dados do governador da Bahia, Rui Costa (PT), para fundamentar sua tese.
"Não é só os recursos da Caixa que estão travados, o governador da Bahia disse que Bolsonaro é um caloteiro porque o governo deve, só das obras conveniadas com a União, mais de R$500 milhões para a Bahia. E Bolsonaro não repassa os recursos, isso caracteriza um governo também caloteiro e perseguidor do Nordeste e os governadores criaram uma organização para enfrentar isso. Lógico que, quando ele toma essa decisão, também chamam as organizações sociais, os movimentos sindicais, os movimentos sociais para enfrentar esse governo, porque o que conquistamos com o presidente Lula não vamos perder para Bolsonaro. Por isso que acredito na força e na organização do povo", completa Valmir.
Em nota conjunta, os parlamentares petistas engrossaram o coro contra a medida da Caixa e de Bolsonaro. Eles apontam que os dados apresentados pela Caixa revelam a perseguição de Bolsonaro e o preconceito dele com o Nordeste. "Somente 2,2%, depois voltou atrás e anunciou 3% de mais de R$4 bilhões, isso é um absurdo. Esses valores no passado sempre foram acima de 20%. Só mostra o caráter perseguidor do presidente, demonstra mais uma vez que não gosta do povo nordestino e cabe a nós organizarmos dentro dos governos, como os movimentos sociais se organizaram, para pressionar e reivindicar os direitos do povo nordestino". A Caravana da Resistência fechou o ciclo de ações com atividades em Petrolândia, Águas Belas, e no Assentamento Normandia, em Caruaru.
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