Com uma área de 233.564km², a bacia hidrográfica do rio São Francisco no estado de Minas Gerais, uma das mais importantes do país, foi mapeada por pesquisadores e técnicos em Geociências do Serviço Geológico do Brasil (CPRM) em 236 municípios do estado quanto às concentrações naturais de 53 elementos químicos nos solos e sedimentos de fundo dos rios, além de 27 cátions, sete ânions e quatro parâmetros físico-químicos para águas superficiais e de abastecimento público.
Arsênio, Chumbo, Flúor, Ferro, Nióbio, Potássio, Sódio e Zinco são algumas das substâncias estudadas. Este levantamento é composto pela análise de 1587 amostras de sedimento de fundo; 1581 amostras de água de superfície; 504 amostras de solo; e 218 amostras de água de abastecimento público que foram coletadas antes do tratamento efetuado para consumo humano, sendo provenientes de poços, barragens ou diretamente das drenagens.
Entre os resultados obtidos, destacam-se: a grande anomalia de Flúor com 200x80km de extensão em toda a bacia do rio Verde Grande englobando todas as cidades do norte de Minas Gerais com ocorrências de fluorose dental; as delimitações precisas pelos mapas de Arsênio das anomalias referentes às ocorrências auríferas de Morro do Ouro, em Paracatu, e das ocorrências do Quadrilátero Ferrífero; e anomalias de água no rio das Velhas resultantes de ações causadas pelo homem na região metropolitana de Belo Horizonte, algumas já acima dos parâmetros legais.
“Conhecer previamente as concentrações naturais dos elementos permite que, ao ocorrer um evento transformador do meio físico, seja ele natural – como deslizamentos de encostas, subsidências em áreas calcárias ou enchentes, ou artificial – como a implantação de grande área industrial, grandes regiões com agricultura ou ainda acidentes catastróficos como rompimentos de barragens de mineração ou de armazenamento de água, se possa medir precisamente as modificações e imputar mais justamente as medidas de recuperação necessárias”, afirma Eduardo Viglio, geólogo da CPRM.
“O mapeamento básico da bacia, definindo os valores médios de 53 elementos para água, sedimentos de fundo e solos é o principal resultado desta contribuição do Serviço Geológico do Brasil (CPRM), cumprindo sua missão de disseminar o conhecimento geocientífico do meio físico para todos os agentes interessados nesses resultados visando o bem-estar da população e o desenvolvimento sustentável do país”, acrescenta Viglio.
Também colaboraram diretamente com o projeto estagiários dos cursos superiores e tecnólogos nas áreas de Geologia, Geografia, Engenharia Ambiental, Engenharia Cartográfica, Ecologia e Química da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e Universidade Estadual de Montes Claros (UNIMONTES), fornecendo uma conotação multidisciplinar ao estudo. O lançamento do Atlas Geoquímico foi realizada na Superintendência Regional de Belo Horizonte.
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