Na véspera da missa de lançamento da 26ª Romaria do Frei Damião, com “programação popular” prometida pelos representantes da Paróquia de São Joaquim do Monte (Pernambuco), o frade italiano que adotou o Brasil como morada segue dando sinais da eterna força em 2019, que marca o 121º ano da data de seu nascimento (ele morreu em 1997: até o fim do ano, parte de sua história estará representada nos cinemas, no documentário Frei Damião — O santo do Nordeste.
Há 95 anos, o religioso foi ordenado sacerdote, poucos anos depois de ter sido convocado pelo serviço militar, para alistamento diante da eclosão da Primeira Guerra Mundial. Provisoriamente, se afastaria dos estudos de filosofia. Enquanto baião, xote e forró, embrulhados com a irresistível celebração dos compositores Luiz Gonzaga e João Silva, levaram a cineasta Deby Brennand a faturar quatro importantes prêmios, com o filme Danado de bom, há três anos, no Cine PE (Recife); a nova investida, com o filme Frei Damião, despertou interesse pela abertura do Cine PE, no qual novamente ela compareceu (28/07, segunda), mas selecionada em caráter fora de competição.
A popularidade de Damião é inconteste. Icônico, o frei, chegado ao Brasil na década de 1930, se instalou em convento anexo à Basílica da Penha, e até 1997 (quando, aos 98 anos, foi vitimado por fatores decorrentes de derrame cerebral) serviu a vontades de milhares de devotos, caminhando para uma possível beatificação, nos próximos anos.
“Ao longo do filme, tratamos muito sobre sua resiliência e a força espiritual que levou milhares a achar que ele era santo. Um mito”, conta a diretora. Independentemente de testemunhas e das entrevistas captadas, ela expressa a crença nos milagres operados, assegurados pela “fé”. Frei Damião, como esperado, atingiu missão extra, na execução do filme: católica, sem ser praticante, Deby reconsiderou muitas posturas. “Depois deste contato, voltei a praticar. Sempre fui uma pessoa espiritualizada e hoje sinto uma profundidade maior com a religião”, comenta. Entre os preceitos dos capuchinhos (ordem à qual o frade serviu) figura a capacidade de abdicar. “Nessa palavra está o norte dos princípios franciscanos. Conceitos como o de simplicidade, solidariedade e respeito aos animais foram introduzidos pelos franciscanos”, explica Deby Brennand.
Um dos grandes trunfos na realização do longa Frei Damião — O santo do Nordeste brotou do próprio cinema. Explica-se: um inesperado amante do cinema ajudou a produção, como conta a documentarista. “Na tradição dos capuchinhos, as missões eram feitas em dupla. A única pessoa que conseguia acompanhar o ritmo de Frei Damião foi também um frade italiano, Frei Fernando. O colega amava cinema e tinha uma câmera VHS, que carregava, aonde quer que fosse, filmando Frei Damião em todas as viagens e momentos privados. Todas essas imagens são inéditas”, afirma a realizadora.
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