JUAZEIRO 141 ANOS DE ELEVAÇÃO À CATEGORIA DE CIDADE: COMEMORAR OU CHORAR?

14 de Jul / 2019 às 12h30 | Espaço do Leitor

Somente no fim do século XVII, à sombra protetora da árvore – mãe do sertão, o JUAZEIRO, começa a surgir o que hoje se constitui num dos mais importantes núcleos urbanos do interior nordestino.

Foi aqui que nasci há 58 anos, na outrora chamada de “Passagem do Juazeiro” ali na Rua XV de novembro com um pedacinho da Praça Ivo Braga ou “Praça do Boi”, já vivi quase 42% da idade que Juazeiro tem.

De lá para cá muitos fatos se sucederam, me vi criança, joguei bola na rua, e nos campinhos de terra apelidados de “campelão” e "Adelhão" que hoje não existe mais, no lugar se ergue um majestoso condomínio de prédios, que em nada lembra o nosso “campinho”.

Quem da minha geração não se lembra da roça de “Juca Bomba” onde na traquinice de menino “invadíamos” para comer magas e cajús caídos das fruteiras vigorosas, ao ponto de se desperdiçar no chão, quantas vezes saímos correndo com medo dos capatazes de “Juca Bomba”.

Quem não se lembra dos maravilhosos bailes domingueiros das sociedades 28 de Setembro e Apolo, e quantos namoros não surgiram ali, e construídos casamentos que até hoje perduram. Hoje ambas agonizam abandonadas a pedir socorro - ninguém as ouve!

Como todo “moleque, quebrei vidraças da vizinhança, joguei pião, empinei arraia construir amizades quando adulto, estudei e me formei e há 31 anos contribuo com a educação do meu município como professor.

Hoje, vejo tudo isso abandonado pelos sucessivos governos municipais, vejo uma cidade sem identidade onde seus cidadãos não nutrem o mesmo orgulho, saio as ruas e não encontro mais a “minha Juazeiro”, não reconheço mais as pessoas, ando como um órfão a procura de seus pais. Cadê os prédios e casas centenárias? cadê o histórico palácio da rua 28 de setembro? Cadê a belíssima mansão da família “Barbosa da Cunha”? todos foram destruídos para dar lugar a pontos comerciais e agências bancárias.

Poderia me alongar nessa viagem, mas isso deixarei para quando for escrever as minhas memórias como filho de Juazeiro.

Hoje quero apenas chorar, não tenho o que comemorar, não há o que comemorar! Há só o que se lamentar!

Mas uma coisa é certa, “eles” podem tirar tudo de Juazeiro, mas não tirarão os registros de uma vida vivida da minha memória, essa só se apagará quando os meus olhos cerrarem para sempre!

Que as lagrimas de felicidades de antes sejam maiores que as lagrimas da tristeza de hoje!

JUAZEIRO TU ÉS E SEMPRE SERÁS AMADA! 

Taciano Gustavo Medrado Sobrinho - Um cidadão juazeirense “órfão”.

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