O Forró é um dos gêneros musicais mais disseminados no país e faz parte da formação da identidade cultural do brasileiro. As matrizes do forró estão passando por um processo de reconhecimento e identificação como Patrimônio Cultural do Brasil pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).
A expectativa é que o forró pode ser declarado como Patrimônio Cultural Imaterial do Brasil até meados de 2020. O jornalista e membro do Conselho de Cultura do Parque Museu Asa Branca (Exu-PE) Ney Vital, participou nesta terça-feira (25), de uma entrevista na Rádio Jornal e citou que a manifestação cultural conhecida por seus ritmos musicais, danças e instrumentos tradicionais já passa por um intenso processo de mobilização social e é motivo da pesquisa realizada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).
Na quarta-feira (26), o tema voltará a ser discutido no Programa Revista, transmitido pela jornalista Isabela Ornellas, a partir das 13hs na Rádio Tropical Sat FM. Ney Vital revelou que no mês de maio no Recife, capital de Pernambuco, mais de 250 forrozeiros e entusiastas do forró lotaram o auditório durante o Seminário Forró e Patrimônio Cultural, que deu início à pesquisa sobre as Matrizes Tradicionais do Forró como Patrimônio Cultural do Brasil.
Segundo o jornalista o evento contou com a presença de músicos, dançarinos, produtores, autoridades, pesquisadores, gestores públicos e culturais, além dos representantes do Iphan de todo o Nordeste e de Estados com forte presença das matrizes do forró, como São Paulo, Rio de Janeiro, Distrito Federal e Espírito Santo.
"A cultura nos une e nos fortalece e a beleza do forró é que ele traz uma dupla dimensão: canta e toca tão profundamente a cultura brasileira, trazendo à tona as mazelas que enfrentamos, mas ao mesmo tempo canta a beleza da vida, os amores, os mitos, as crendices, a fé, a religiosidade de um povo".
A pesquisa vai investigar a complexidade das Matrizes Tradicionais do Forró com suas dimensões melódicas, harmônicas, rítmicas e coreográficas, além dos modos de fazer instrumentos musicais, dos contextos sociais e culturais em que a manifestação está inserida, bem como as particularidades dos lugares onde tais referências culturais são mais simbólicas.
Para que o dossiê resultante da pesquisa contemple a história, os atuais desafios e as perspectivas de continuidade das práticas sociais que formam as Matrizes Tradicionais do Forró, o Iphan busca a participação ativa das comunidades e atores sociais que mantém viva a tradição no país.
As mesas de discussões abordam o Processo de Registro; Forró, dança e Patrimônio; Forró mídias e acervos; além do Compartilhamento de experiências na salvaguarda de bens culturais imateriais e as Perspectivas para a Salvaguarda.
Porém, para demonstrar, na prática, alguns dos saberes que formam as matrizes tradicionais do forró, o Iphan reuniu, no Paço do Frevo, mestres, artistas e público para escutas compartilhadas, momento no qual os saberes de renomados instrumentistas da sanfona, rabeca, fole de oito-baixos e zabumba puderam ser demonstrados e debatidos entre os detentores desses ofícios e o público interessado.
De acordo com Ney Vital, a importância dos debates e participações de programas de Rádio serve e é necessário para "demonstrar a relevância do forró para a memória nacional, sua continuidade histórica e de que forma este carrega as referências culturais de grupos formadores da sociedade brasileira".
O processo de Registro das Matrizes Tradicionais do Forró teve início em setembro de 2011, a Associação Cultural Balaio do Nordeste encaminhou ao Iphan o pedido de registro das Matrizes Tradicionais do Forró como Patrimônio Cultural do Brasil.
Desde então o Instituto buscou, em parceria com a Associação, o Fórum Nacional Forró de Raiz e outras instituições parceiras, incentivar encontros, fóruns e audiências públicas para discutir o processo de reconhecimento, abordando os potenciais, significados e limites da política de Patrimônio Cultural.
Para que um bem seja registrado pelo Iphan é necessário possuir relevância para a memória nacional, continuidade histórica e fazer parte das referências culturais de grupos formadores da sociedade brasileira. Entre os patrimônios imateriais inscritos no Livro do Registro das Formas de Expressão estão as Matrizes do Samba do Rio de Janeiro, o Tambor de Crioula do Maranhão, o Samba de Roda do Recôncavo Baiano e o Frevo.
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