O noticiário diário está sempre repleto de relatos da ocorrência de vulcões em atividade, incêndios, terremotos, tornados, tsunamis e furacões, entre outras tragédias, espalhados pelo resto do mundo. Durante esses desastres cíclicos, o brasileiro lamenta a dor e as perdas de tantas vidas, mas, logo se acomoda confortavelmente em sua poltrona e comenta feliz com aqueles que estão ao seu lado: “O Brasil é um país privilegiado; aqui nada disso acontece”!
A empolgação momentânea o faz esquecer das nossas enchentes urbanas, desabamentos de prédios e quedas de barragens, que igualmente ceifam muitas vidas. Ocorre que aqui a avaliação é minimizada por um detalhe que é verdadeiro e inquestionável: as nossas tragédias têm a participação direta do HOMEM! Seja pelo lixo jogado nas ruas e que impede o normal escoamento das águas; seja por algumas eventuais falhas técnicas na construção de alguns edifícios; ou seja pela queda das barragens de resíduos minerais que se beneficiam ao longo dos anos de vistorias viciadas que ocultam os riscos reais de possíveis rompimentos, causando destruição ambiental e mortes de centenas ou milhares de pessoas, e contribuintes, que pagam para morrer tragicamente! Pior de tudo isso, é saber que não dá em NADA! Como até hoje NUNCA deu.
Percebe-se, consequentemente, que as catástrofes que atingem outros povos, no mínimo podem ser amenizadas, mas nunca evitadas. Enquanto as nossas tem os seus efeitos marcados pela irresponsabilidade e a impunidade de muitos.
Há aqueles críticos mais duros que, jocosamente, dizem que Deus poupou o Brasil das tragédias, mas, teria alertado: “vocês vão ver os políticos e governantes que terão aí”! Resulta que, efetivamente, é preciso separar o Joio do Trigo, uma vez que temos alguns vocacionados para a missão de servir. Mas, que temos muita peça ruim nessa engrenagem, é a pura verdade! Esta terra tinha todas as legítimas possibilidades de ocupar um lugar de destaque no mundo, não só pelas suas potencialidades econômicas, mas no campo da expressão política, como um país de dimensão quase continental e que tinha a obrigação moral de exercer o posto de grande líder na América do Sul, o que não acontece.
Contrariamente, aqui tem tido relevância os desvios de comportamento moral dos nossos representantes, a usurpação dos recursos públicos, a destruição de estatais antes sólidas, e o ataque aos Fundos de Pensão. Isso para não falar das empresas privadas de grande porte e respeitadas perante o mundo, que foram corrompidas pela relação criminosa com manipuladores instalados no Poder, ao ponto de instituírem no país uma segunda moeda chamada ´PR$OPINA´. Empresas que eram o motivo do orgulho nacional se consagraram perante o mundo pela capacidade dos seus técnicos, e a boa tecnologia de que eram portadoras. Todavia, de repente exportaram, também, as suas habilidades com as práticas corruptas assimiladas do vínculo afetivo com os nossos políticos. Hoje respondem a processos em vários países, uma vez que os escândalos daqui ultrapassaram as fronteiras. Atualmente passeiam nas páginas policiais dos noticiários, têm pago um alto preço pela corrida ao fundo do pote juntamente com maus políticos e politiqueiros, dentre eles um certo famoso autointitulado como a alma “mais honesta deste país”! E ai de nós se não fosse “honesto” mesmo!
É interessante e ao mesmo tempo lastimável de ver, que há um elevado contingente de condenados por culpas de grande relevo, e outros com processo em andamento, que estão iniciando um processo de anarquia no país... Vejo que estão buscando apoio na velha tese muito usada pelos comentaristas de futebol, de que ”a melhor defesa é um bom ataque”. Assim, o julgador íntegro de ontem da Operação Lava Jato está virando o bandido de hoje, e os réus criminosos de ontem estão pretendendo ocupar o cenário político como “bons mocinhos”. O país não pode conviver com essa inversão de valores!
Quando as divisões internas num país se originam da existência de ideologias diversas, a convivência é perfeitamente possível porque se aprende com as diferenças. O que não é possível aceitar, contudo, é conviver com a quebra dos paradigmas básicos de respeito, ética e integridade. Pode parecer paradoxal, mas isso nos transforma numa Nação Dividida!
Caminhando nesse sentido, é impossível não lembrar do alerta contido nas sábias palavras de Cristo, no livro de Mateus 12:25: "Todo reino dividido contra si mesmo é devastado; e toda cidade, ou casa, dividida contra si mesma não subsistirá".
Autor: Administrador Agenor Santos, Pós-Graduação Lato Sensu em Controle, Monitoramento e Avaliação no Setor Público – Salvador-BA.
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