Nessa sexta-feira, dia 14 de junho, acontecerá a abertura da exposição Tempo, Espaço & Imaginário do artista plástico A. C. Coêlho de Assis, Coelhão às 20h no SESC em Petrolina.
TEMPO, ESPAÇO E IMAGINÁRIO
Muito foi feito desde a revolução industrial para pouparmos tempo e nunca ele foi tão curto quanto agora. Quanto mais tecnologias são desenvolvidas para dinamizá-lo, mais se multiplicam as possibilidades de usar o tempo que sobra e menos tempo temos para executar tudo que desejamos. Dentro destas possibilidades está o fenômeno da dissolução do espaço. Bauman define que a percepção do tempo no século XXI não se dá mais de forma cíclica ou linear, mas dissipada numa infinidade de momentos, sem direção certa, numa sucessão caótica que nos desorienta e elimina referenciais para a constituição da identidade, ou seja, o entendimento de si. Sobre o espaço fala da unificação mundial e da solidão que nos assola mesmo nos relacionando com multidões. Não existem mais barreias, fronteiras, nem distâncias. O nosso transito, físico ou virtual de uma ação a outra, de um lugar a outro, de um afeto a outro acontece de forma veloz, sem que possamos nos deter em nada.
O rio São Francisco e as figuras que dialogam com ele são o pano de fundo para a pesquisa de A.C. Coelho de Assis sobre as relações entre o tempo, o espaço e o imaginário. Ele nos apresenta então imagens até certo ponto nostálgicas para os dias de hoje, que representam um alicerce líquido desejoso de um olhar repousado, mas que também passeia pelos imensos planos limpos, amarelos, que modificam a referência espacial - horizonte, céu e chão, o dentro e o fora e revelam novos temas. Imagens que nos pedem um outro tempo a qual chamarei de contemplativo.
Para Kant a contemplação é como um jogo livre que associa entendimento e imaginação. Ela reside no deleite dos sentidos e através dela podemos transcender o modo comum de perceber o mundo, nos desligando da dura realidade por breves instantes motivado pelo desejo de tornar a existência suportável. Neste lugar, a arte tem papel fundamental. Engenhosamente, as imagens resultantes desta pesquisa exploram este jogo sugerido por Kant. Elaboradas em camadas e sobreposições insere um plano dentro de outro como quem narra várias histórias simultaneamente e sugerem sintetizar cenas que parecem perto e longe, passado e presente. Chamam atenção pela aparente simplicidade que se descortina em surpreendentes imagens para quem se detiver na experiência contemplativa.
Edneide Torres
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