Confrontando com os propósitos de campanha, o governo Bolsonaro é um absoluto sucesso nas suas realizações. Nomeando cada ministro conforme o que prometera na campanha, todos os propósitos vão sendo realizados nos mínimos detalhes, fora alguns fracassos inesperados.
Quando nomeou Paulo Guedes para a economia, ele não prometeu um país pujante, voltando a crescer. Ao contrário, a proposta era a privatização das estatais, a liquidação da previdência pública em favor da privada, a desvinculação do Brasil do bloco dos BRICs - particularmente da China - e a total submissão do Brasil aos interesses dos Estados Unidos.
Além do gesto simbólico de saudar a bandeira Americana, visitar Trump, Bolsonaro nunca escondeu que antes de ser brasileiro é um estadunidense. A economia retrocedeu, mas seus apoiadores do mercado continuam ganhando muito e estão felizes.
Quando nomeia Sérgio Moro como ministro da Justiça, pretende proteger a própria família e seus amigos, liberar o porte de armas e a execução sumária dos "bandidos" e perpetuar a caça aos inimigos. Não fosse a resistência do Congresso, todos esses objetivos já estariam realizados.
Quando nomeia Teresa Cristina para ministra da Agricultura, seu propósito não era ampliar o mercado do agronegócio, mas abrir nossas porteiras para a entrada de todo tipo de veneno agrícola. A média de liberação do veneno espanta até a Monsanto. O mercado de venenos agrícolas representa grande parte do PIB do setor.
Quando extinguiu o Ministério do Trabalho e o apequenou a Justiça do Trabalho, seguindo o governo de Temer, seu propósito não era recuperar o emprego do povo brasileiro, mas destruir a legislação trabalhista, promover uma massa de desempregados que ofereça uma margem ao capital para rebaixar os salários e subcontratar trabalhadores sem o ônus da legislação trabalhista. Ele conseguiu promovendo um desemprego de 13 milhões de pessoas e mais 28 milhões de subutilizados. Há ainda 5 milhões de desalentados.
Quando nomeia Vélez – depois Weintraub – para a educação, seu propósito é destruir a educação pública e fortalecer o mercado privado da educação. Retirar verbas, proibir concursos públicos para a área, nomear reitores das universidades são atitudes vinculadas a esse propósito. Evidentemente não esperava a reação pronta do mundo da educação pública por alunos, professores, pais de estudantes, além dos amantes da educação pública e de qualidade.
Quando nomeou Ricardo Salles como ministro do meio ambiente, o propósito não era defender nossas riquezas naturais, nossa biodiversidade, nosso ciclo das águas, mas destruir a legislação que proibe a entrada de empresas em terras indígenas e reservas legais. Está avançando rapidamente e hoje o Brasil desmata 19 hectares por hora.
Quando nomeia Ernesto Araújo para ministro das relações exteriores, não está interessado em promover o país do ponto de vista diplomático, mas romper com países vizinhos, amigos, aproximar-se de países e grupos de extrema direita em todo mundo, além de apoiar o golpe na Venezuela. Convenhamos, no caso da Venezuela o fracasso foi ridículo.
Assim com Damares nos direitos humanos e outras pastas menos relevantes do ponto de vista do capital, o governo tem a pessoa certa para o lugar certo. Em resumo, Bolsonaro tem uma estratégia clara, persegue com rara fidelidade seus objetivos e consegue em poucos meses implantar grande parte de sua agenda.
Besta é quem pensa que Bolsonaro é besta. O propósito é reduzir o Brasil para 120 milhões de consumidores para uns, ou até 40 milhões de pessoas para outros. Virá um caos social e político, mas a exclusão de grande parte do nosso povo estará estabelecida.
Quando tiver consumado seu papel será descartado como Michel Temer.
Roberto Malvezzi (Gogó)
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