SECRETÁRIO CLÉRISTON RESPONDE AO PASTOR TEOBALDO

20 de Apr / 2019 às 10h13 | Espaço do Leitor

O Pastor e a Tortura

“Tiraram-lhe as vestes e puseram nele um manto vermelho; fizeram uma coroa de espinhos e a colocaram em sua cabeça. Puseram uma vara em sua mão direita e, ajoelhando-se diante dele, zombavam: "Salve, rei dos judeus!"

Cuspiram nele e, tirando-lhe a vara, batiam-lhe com ela na cabeça.

Depois de terem zombado dele, tiraram-lhe o manto e vestiram-lhe suas próprias roupas. Então o levaram para crucificá-lo”.

Mateus 27:28-31

O texto acima deixa claro um acontecimento histórico. Jesus Cristo foi submetido a tortura, humilhado, violentado e, por fim, morto após os mais duros castigos físicos impostos pelos soldados romanos.

Temos um fato, não uma opinião. Cristo foi torturado, morrendo como um malfeitor ante a hipocrisia pseudo-religiosa, associada ao poder político vigente.

O vídeo traz outro fato. A frase “Sou favorável à tortura e você sabe disso” é do atual presidente da república, Jair Bolsonaro.

Portanto, estamos diante de dois fatos objetivos. O Filho de Deus foi alvo de tortura e o presidente da república, por reiteradas vezes, se disse favorável à prática de submeter presos a castigos físicos, incluindo o famigerado “pau de arara”.

E, como alguém já disse, “todos temos direito a ter nossa própria opinião, mas não nossos próprios fatos”.

Agora entraremos no campo das opiniões. O pastor Teobaldo considera legitimo que cristãos devam se posicionar favoráveis ao discurso que apoia a tortura, eu não. Talvez por isto ele tenha se incomodado tanto com um simples post, no histories do Instagram, feito por mim, e que revela que os que pregam mensagem do Evangelho jamais vão encontrar respaldo para estar ao lado de torturadores.

Aliás, no seu voto durante a sessão que aprovou o impeachment da presidente Dilma, o mesmo Jair Bolsonaro fez contundente discurso de exaltação à memória do torturador Carlos Alberto Brilhante Ustra que, dentre as suas práticas, colocava ratos vivos em vagina de mulheres, durante o regime militar. Um líder religioso pode dizer amém a isto?

É claro que o pastor Teobaldo tentaria trazer o debate para a esfera da política municipal e eis o seu real interesse: aparecer. Afinal, já se anunciou pré-candidato. É um direito legitimo seu e faço votos que não transforme seu palanque num espaço de propagação do discurso de ódio que tanto caracteriza aquele que aparentemente seria o seu novo messias. Neste caso, o Jair.

O perfil no Instagram é de uso pessoal, nele posto o que acho conveniente, inclusive para me manifestar politicamente. Todavia, o mais irônico disto tudo é que a acusação de uso oportunista da religião venha de um pastor-candidato. O púlpito virar palanque não lhe incomoda, mas postagens numa rede social sim.

Clériston Andrade

Veja o vìdeo:

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