Moradores de Paulo Afonso, no norte da Bahia, denunciaram que o esgoto da cidade está sendo lançado diretamente no Rio São Francisco. De acordo com especialistas, o município possui cerca de 63% de saneamento básico, enquanto o restante da água que não é tratada, cerca de um terço, é lançada no rio.
No centro de Paulo Afonso, onde é feita uma obra de cobertura de um canal, ainda é possível ver o esgoto sem nenhum tratamento ir em direção ao São Francisco. Situação semelhante ocorre próximo da ponte metálica Dom Pedro II, equipamento em metal que fica no belo cânion do Velho Chico e é um dos pontos turísticos da região.
Quando o esgoto não vai parar no rio, causa transtornos para a população. De acordo com a ecóloga Edvalda Aroucha, todos os problemas de saneamento em Paulo Afonso causam grandes impactos no rio São Francisco.
"Paulo Afonso só tem 63% do saneamento, e Glória [vizinha a Paulo Afonso] 65%. O restante impacta no rio, tanto nas comunidades urbanas quando as rurais. As comunidades do meio rural que não têm acesso à água tratada e toma água direta do rio, toma uma água poluída", explicou Aroucha.
De acordo com a Empresa Baiana de Águas e Saneamento (Embasa), responsável pelo abastecimento de água e tratamento de esgoto na Bahia, Paulo Afonso possui 65,4% de cobertura do serviço de esgotamento sanitário. São quatro estações de tratamento de esgoto que têm a capacidade de tratar juntas cerca de 11 milhões de metros cúbicos de esgoto em um ano, mas que em 2018, não trataram nem três milhões de metros cúbicos de resíduos.
Conforme informou a Secretaria de Meio Ambiente, a Embasa parou de investir em Paulo Afonso, pois há cerca de um ano a prefeitura tenta resolver um impasse com a empresa, depois que o contrato de concessão acabou.
Enquanto o problema não é resolvido, o esgoto no bairro Siriema toma conta de uma grande área. No condomínio Pedra Comprida, por exemplo, os moradores reclamam do mau cheiro e mosquitos o tempo todo.
Mesmo com tantos problemas, a comunidade ainda paga caro pela taxa de esgoto. Segundo a dona de casa Maria Evanice Silva, quase metade do valor das despesas é com a água. "A gente paga um absurdo na água, na taxa do esgoto e passa por isso", falou.
Além dos problemas de canais abertos, um que foi fechado continua dando dor de cabeça para os moradores do bairro Jardim Bahia.
"Nunca vieram fazer manutenção nenhuma nesse esgoto. É assim, o mau cheiro direto. Cai tudo no rio. Em outra rua, aí por trás, um cano de 150 joga esgoto para o rio", relatou o pedreiro José Edinaldo.
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