As condições hidrológicas e meteorológicas na bacia do Rio São Francisco melhoraram consideravelmente, em comparação com os últimos seis anos. O resultado será a entrada em vigor da nova resolução que estabelece uma vazão mínima defluente de 800 metros cúbicos por segundo (m³/s) a partir de 1º de maio até 30 de novembro, o que compreende o período seco na bacia. A notícia tem um impacto positivo, tanto para o ecossistema, quanto para o setor de abastecimento público, visto que a qualidade da água deverá melhorar consideravelmente, mantendo os reservatórios em níveis confortáveis.
As informações quanto a entrada em vigor da nova resolução foram transmitidas na manhã desta segunda-feira (8 de abril), durante videoconferência promovida pela Agência Nacional de Águas (ANA), transmitida para os estados da bacia. O superintendente de Operações e Eventos Críticos da agência federal, Joaquim Gondim, informou que o anúncio sobre a medida será feito oficialmente no dia 30 de abril, também por videoconferência. As informações foram avaliadas como muito positivas pelo presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (CBHSF), Anivaldo Miranda.
A nova resolução é um documento construído com a participação do CBHSF e diversos outros atores ligados às questões da gestão do São Francisco em 2017. O documento firma o compromisso de entrar em vigor quando as condições da bacia estiverem em condições confortáveis, o que somente agora se mostra possível.
Brumadinho
Gondim também comunicou que a ANA está determinada a oferecer cada vez mais transparência na transmissão de informações referentes ao rompimento da barragem da empresa Vale, em Brumadinho (MG). Para isso, haverá videoconferência no próximo dia 16, quando estarão presentes diversos atores envolvidos no processo e serão atualizadas as informações sobre as condições das águas do Rio Paraopeba, um dos principais afluentes do São Francisco no estado mineiro e atingido diretamente pela lama de rejeitos minerários da barragem. “Adianto que serão duas reuniões de grande importância para a bacia do São Francisco”, afirmou o superintendente.
Deverão participar desse encontro, representantes de entidades como o próprio CBHSF, Comitê da Bacia do Rio Paraopeba, Instituto Mineiro de Gestão das Águas (Igam), a empresa Vale, a Agência Nacional de Mineração (ANM), entre outros, quando serão apresentados os dados concretos sobre turbidez das águas do Paraopeba, bem como das demais análises químicas das águas, conforme coletas feitas a jusante da barragem.
Luz no fim do túnel
O presidente do CBHSF, Anivaldo Miranda, elogiou a iniciativa da ANA em promover uma reunião extraordinária da Sala de Situação do Rio São Francisco, no final de abril, para que todos possam contribuir com a definição da nova estratégia de vazões para o período seco de 2019. Miranda pontuou que “o aumento planejado da vazão defluente de Sobradinho para 800 m³/s faz com que todos os usuários das águas da calha do São Francisco ganhem e o Comitê compartilha desse sentimento pensando, sobretudo, no alívio que proporcionará para o ecossistema e melhoria da qualidade das águas ao longo das regiões fisiográficas do rio”. De acordo com ele, “todos os usos múltiplos também ganharão com esse aumento de defluência, sem comprometer a política de manter a preservação do nível útil dos reservatórios em patamares seguros até o final de 2019, quando teremos novo período de chuvas nas cabeceiras do Velho Chico”.
Durante a videoconferência, a equipe técnica do Igam também apresentou dados sobre a qualidade das águas do Rio Paraopeba, após o caso de Brumadinho. De acordo com o levantamento, o uso das águas continua interditado até o município de Pompéu, mas não foram encontrados índices consideráveis de metais pesados nas águas imediatamente a montante e a jusante da hidrelétrica de Retiro Baixo, última barreira entre o Paraopeba e o Lago de Três Marias, na calha do Rio São Francisco. Os estudos estão disponibilizados no endereço eletrônico do instituto mineiro: http://www.igam.mg.gov.br/
Chuvas
O coordenador-geral de Operações e Modelagem do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), Marcelo Seluchi, também apresentou os dados de monitoramento, previsões e projeções da bacia do Rio São Francisco. Conforme os estudos realizados pelo órgão federal, a precipitação na bacia os últimos sete dias foi de quase 17 milímetros (mm), quantidade satisfatória para o período. E a expectativa é de que esse volume de chuva aumente nos próximos dias. A previsão também é positiva para a região de Três Marias, no Alto São Francisco.
A equipe técnica do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) apontou as premissas para operação dos reservatórios. Para Três Marias, a defluência está em 318 m³/s e em Xingó, 750 m³/s a partir de hoje até o dia 30 e o aumento para 800m³/s a partir do início de maio.
A próxima videoconferência para discutir as condições hidrológicas da bacia do chamado rio da integração nacional ocorre no dia 22, a partir das 10h. Participam do encontro diversas entidades envolvidas nas questões do Velho Chico, a exemplo de universidades, governos e usuários.
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