A transferência dos restos mortais de Beatriz Angélica Mota Ferreira da Silva do cemitério de Lagoa da Pedra, no distrito de Maniçoba para o Cemitério Memorial, na BR 428 em Petrolina será realizado no Sábado (6). O sepultamento acontecerá às 16h30, no Memorial localizado na BR-428, em Petrolina. Beatriz foi assassinada durante um evento no Colégio Auxiliadora em dezembro de 2015.
Em contato com este Blog, Sandro Romilton, pai de Beatriz, enfatizou que o Memorial é uma homenagem a Beatriz. "Agora todos nós vamos poder visitá-la. Sabemos que será um momento muito difícil para nós, mesmo porque não temos nenhuma resposta a dar para Beatriz”. Sandro se refere ao fato de até o momento passados 3 anos e 4 meses ninguém foi preso pelo crime.
Em dezembro do ano passado este Blog Geraldo José esteve no Cemitério localizado em Lagoa de Pedra, distante 40 km de Juazeiro e Petrolina. A morte tem uma fala silenciosa e poderosa. Esta fala não ameaça. A morte ensina. O silêncio que a morte, o assassinato de Beatriz propõe questiona e é por isso que incomoda tanto.
Chico Buarque diz que a "saudade é arrumar o quarto de um filho que já morreu”. No Povoado Lagoa da Pedra, uma cova com flores não tem registro escrito de um nome, identificação. O sentimento de ausência provoca o choro da aposentada Joselita Mota, Maria Helena e Valdinei Sales.
Na oportunidade, eles contaram que acompanham Lúcia Mota e Sandro Romildo, desde o sepultamento de Beatriz. Valdinei ressalta que a sua filha cresceu brincando com Beatriz. "Estive aqui no cemitério no dia do enterro. Doi na alma e no corpo a saudade".
Joselita diz que vai sempre ao cemitério acende velas e faz orações. Emocionada ressalta que a fé faz transpor o tempo. Maria Helena revela o sentimento de tristeza e indignidade ao saber que até o momento não se sabe quem assassinou Beatriz.
No Povoado Lagoa da Pedra, existe um sentimento de solidão. No Cemitério, alguns passarinhos cantam como um milagre vindo do céu. São acordes, amenizam o silêncio. A sensação de calor ultrapassa 35 graus.
Adeginaldo Mota, diz que no povoado quase todos são famílias de Lúcia e Sandro. Revela que faz parte do Grupo Somos Todos Beatriz. "Temos que buscar forças e ter esperanças no amanhã. Somos fortes e vamos continuar o bom combate em 2019. Queremos e lutamos por justiça que um dia virá", conclui Adeginaldo.
O escritor baiano, Jorge Amado, apontou em uma de suas poesias “ter horror a hospitais, os frios corredores, as salas de espera, ante-salas da morte, mais ainda a cemitérios onde as flores perdem o viço, não há flor bonita em campo santo".
A dor pela morte assassinado de Beatriz continua gritando e grita para dentro de cada um que pede justiça. Cemitério é o Campo Santo, o espaço é permitido derramar lágrimas que lavam as feridas causadas pelo luto. Estas feridas, uma vez lavadas, sugerem-nos caminhos para o reencontro com a esperança e a alegria de viver.
A partir do dia 06 de abril de 2019, Beatriz Angelica terá um Memorial.
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