Um “censo de nutrição infantil”. É assim que pode ser definido o Estudo Nacional de Alimentação e Nutrição Infantil (Enani), que teve início no último dia 18 em quatro estados do país, incluindo a Bahia - onde serão visitadas Salvador e mais quatro cidades.
Conduzido pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, com apoio do Ministério da Saúde, o levantamento inédito vai coletar informações sobre hábitos alimentares, peso e altura de crianças de até cinco anos.
“Um dos aspectos inéditos é o mapeamento bioquímico, no qual a gente estuda 14 marcadores nutricionais, como os minerais zinco e selênio, e vitaminas do complexo B. Eles têm importância global no organismo, e como a gente está interessado no desenvolvimento cognitivo e motor dessas crianças, decidimos ver quais são as taxas desses elementos nessa população”, explica o nutricionista Gilberto Kac, coordenador do Enani.
Segundo ele, também serão investigadas informações sobre amamentação, doação de leite humano, consumo de suplementos de vitaminas e minerais, habilidades culinárias, ambiente alimentar e condições sociais da família .
“A gente estuda alimentação de duas formas. Primeiro, com um recordatório de 24 horas, onde o responsável responde sobre o que a criança comeu nesse período. Segundo, com um questionário estruturado, com um conjunto amplo de perguntas sobre alimentos ricos em determinados nutrientes como a vitamina A, cuja deficiência é um dos problemas que a gente tem Brasil afora”, explica Kac.
São as perguntas desse questionário que também vão revelar se as crianças estão consumindo muito salgadinho, biscoito recheado, refrigerante e outros produtos ultraprocessados, pobres em vitaminas e nutrientes. “Existem estudos sinalizando que o consumo desses alimentos está associado a maior risco de obesidade, diabetes, desnutrição e outros problemas de saúde que pretendemos investigar mais a fundo”, elenca o coordenador.
Outras metas
As equipes vão recolher ainda informações sobre aleitamento materno exclusivo e complementar, doação de leite materno e bancos de leite, amamentação cruzada (quando uma mãe amamenta o filho de outra mulher).
“A gente tem noção que essas crianças tem cuidadores variados, por isso nos preocupamos em qualificar esses respondentes. Só quem acompanha o dia a dia das crianças vai poder responder, caso das crianças que são cuidadas, por exemplo, pelas avós. Essa é uma estratégia que desobriga as mães de serem as únicas respondentes”, diz Kac.
A coleta de dados vai até dezembro, com a divulgação dos resultados a partir de fevereiro de 2020. No total, serão visitados 15 mil domicílios em 123 municípios de todas as regiões do país.
O resultado dos exames de sangue serão enviados às famílias pelos Correios ou pela internet. A coleta de sangue será coordenada pelo laboratório Diagnósticos Brasil, com capilaridade nacional. Se houver algum problema relevante, a criança será encaminhada a uma unidade básica de saúde.
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