Tenho observado, com certa frequência, que o feedback passado por alguns comentários, torna evidente que a Esquerda não admite, em nenhuma hipótese, que aqueles que ela considera como de Direita sejam capazes de emitir uma análise crítica lúcida e independente e, logicamente, com postura imparcial nem sempre compreendida.
Percebe-se um evidente amadorismo em algumas ações do novo governo, talvez até motivado pela natural inexperiência, o que não o isenta de uma lógica contestação. Isso não significa, contudo, que esteja ocorrendo uma repentina guinada do autor à esquerda, como alguém insinuou. Da minha parte não existe apego inconsequente ao nome pessoal do Bolsonaro em si, mas o desejo principal é que se viabilize o processo de mudança necessário, prometido e desejado por todos, após o testemunhado fracasso de um corrompido projeto político recente. Sobre isso, todas os fatos possíveis e inimagináveis estão aí todos os dias nos noticiários daqui e, infelizmente, também no exterior.
Da mesma forma gostaria de ver na Esquerda, quase sempre ideologicamente extremista, um posicionamento mais sóbrio, inspirado no equilíbrio e voltado à defesa dos interesses nacionais. Que tivesse um discurso próprio, caracterizado como “Esquerda Brasileira”, e não uma mera e inconfundível reprodução do contido na cartilha da “Esquerda Internacional”, já bastante repetitiva, desgastada e ultrapassada, uma vez que não se deram conta da evolução dos tempos.
Por exemplo, ouvi de Deputados e Senadores da oposição nas últimas sessões no Congresso Nacional, particularmente petistas, inflamados discursos de combate ao governo pela opção de negociar com os Estados Unidos a utilização da Base de Lançamento de foguetes de Alcântara, no Maranhão, chegando aos extremos de afirmarem que “a soberania nacional está em jogo”, entre outras diatribes. Ora, a Base foi um projeto sonhador do governo militar em 1965, primeira da América do Sul – já decorridos 54 anos! –, que não chegou a lugar nenhum, principalmente em decorrência de uma explosão da plataforma de lançamento em 22/08/2003, em cuja tragédia morreram 21 técnicos e engenheiros. Imagino que os ilustres parlamentares nem lembravam da existência dessa Base de Lançamento ou do que ocorreu, e que ela, paralisada e sem qualquer utilidade há 15 anos, foi transformada em atração turística. Sobre o peso da sua manutenção inativa, ninguém fala nada, talvez porque não tiveram a sapiência suficiente para uma criteriosa avaliação dos seus altos custos sw manutenção, disso não tenho dúvidas!
E pensar que os Estados Unidos recuaram no seu avanço espacial e fazem parcerias no uso da Estação Espacial justamente com a Rússia, e os seus astronautas até viajam juntos no mesmo foguete! Para o Brasil, no entanto, essa associação ofende a nossa soberania! Será que já não é hora de mudar essa forma primária de ver as coisas? Enquanto duas potências diametralmente opostas no mundo político se associam para pesquisas tecnológicas e exploração espacial conjunta, o Brasil é combatido por uma ala retrógrada do pensamento político interno, por pretender fazer uso comercial da sua esquecida Base de lançamento com a principal potência mundial! Exatamente por pensamentos tão pobres é que continuaremos pobres!
Outro detalhe da viagem do Presidente Bolsonaro aos EUA que merece registro, e que me parece uma insanidade dos críticos, é o questionamento pelo agrado feito por ele quanto à dispensa de visto para a visita de turistas americanos, aqui no Brasil. Ora, se a nossa economia recebe forte aporte de recursos originados do turismo externo, por que não facilitar a visita daqueles que só virão trazer moeda forte para o nosso país? Onde está o risco ou o fato dessa medida ofender a nossa soberania ou nos trazer humilhação por não termos igual contrapartida ou a mesma reciprocidade de tratamento? Se com a existência de rigoroso controle a demanda de brasileiros extrapola todos os limites, imaginem o contrário! Há tanta maldade na crítica, que só se referem à dispensa para os americanos, quando a medida foi extensiva a canadenses, australianos e japoneses!
Espero que essas ponderações possam estimular um mínimo de reflexão construtiva e racional, tendo como foco a defesa dos nossos interesses e não o cego fortalecimento de paixões político-partidárias, seja de Direita ou de Esquerda.
Autor: Adm. Agenor Santos, Pós-Graduação Lato Sensu em Controle, Monitoramento e Avaliação no Setor Público - Aposentado do Banco do Brasil (Salvador-BA).
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