No coração do rio mora um sonho
que move encantos
na vastidão dos campos
e ribeiras
no coração do rio cabe
toda a gente
e a corrente brava
arrasta os pesadelos das cidades.
Na sombra de uma nuvem intensa
passeia um dourado peixe
que solitário busca
a liberdade da flora e a razão
e a liberdade
da liberdade
dos peixes do mundo
que habitam o fundo
mais denso do rio,
há uma mágoa na outra margem turva,
escondida na neblina fria
paira rarefeita a saudade,
e sua lira sempre compulsória.
Um encantado canta na melodia da noite,
uma lenda ilusória
do mito petrificado,
onde as águas do tempo não dormem nunca,
simplesmente seguem
ignorando o passado.
João Gilberto Guimarães
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