CRÔNICA DA AMIZADE
Ao longo da nossa vida, a vivência dos fatos se nos apresentam com algumas características bem particulares. Inclusive, alguns deles servem para nos trazerem certas perspectivas, para que com elas possamos amadurecer.
Nada melhor para o enlevo do nosso espírito que a música. Dito, por inúmeros estudiosos e artistas que, este dom angelical, soa aos nossos ouvidos como o suave perfume de flores dos campos na primavera, e com suas variações, nos transportam em nossos pensamentos para outros planos e outras eras, fazendo-nos vaguear por “mares nunca d’antes navegados”, no infinito de nossas emoções.
A perspectiva da chegada do carnaval, com suas marchinhas, Afoxés e o estrondear dos tambores do Olodum, trazem-me muitas recordações do passado; fazendo-me lembrar, dentre outras coisas, daquele fatídico carnaval de 2013, quando Juazeiro perdeu uma das suas maiores promessas: - meu colega e amigo, Dr. Márcio Souza Espínola Ramos.
Jovem, cheio de vida, sempre alegre, polido, educado, camarada, brincalhão, profissional competente, que reconhecia sempre seus colegas e amigos em qualquer situação.
Nunca aconteceu de alguém ir para a SOTE, a procura de auxílio médico, estando ele presente, para colocar dificuldades no atendimento, ainda que essa pessoa não tivesse qualquer plano de saúde.
Porém, o carnaval, festa que ele tanto gostava, guardava para o mesmo, naquele ano, uma grande surpresa.
Justamente o carnaval de salvador, o melhor carnaval do Brasil, quiçá do mundo, em meio a toda alegria dele proveniente, Dr. Márcio Espínola, teria sua vida ceifada aos quarenta e cinco anos de idade, naquela madrugada de sábado, dia nove de fevereiro, quando ao se retirar do circuito da folia, foi sorrateiramente agredido por bandidos, num ato de extrema brutalidade.
Sem mais nem menos puseram um ponto final na sua vida, exatamente no período em que o profissional mostra-se mais produtivo, está rendendo mais. Justamente nesse período foi que ele ficou pelo caminho, teve sua trajetória de vida interrompida.
Com a sua morte, nós de cá, seus conterrâneos, perdemos um grande Amigo, a Medicina perdeu um grande profissional, a Família perdeu um excelente filho, esposo e pai, a Sociedade perdeu um bom cidadão e a Vida privou-se de um homem que estava começando a sua arrancada profissional, rumo ao futuro, pois é, justamente, nessa idade que o profissional define sua posição na sociedade.
Tenho certeza absoluta que por todas as razões citadas, nós, seus amigos, seus familiares e seus colegas, todos temos a certeza de que ganhamos mais um amigo no céu para nos proteger, e rogar por nós junto ao Altíssimo.
Que você descanse em paz, meu amigo porque nós, seus colegas, continuaremos a honrar a sua memória por aqui, fazendo da nossa profissão um sacerdócio.
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