Um casal da cidade de Casa Nova, no norte da Bahia, acusa a Maternidade e Hospital da Criança de Juazeiro, na mesma região, de negligência médica no parto do filho. Durante o procedimento, o bebê teve fraturas nos dois braços e perdeu o movimento de um deles. Segundo Dyego Pinheiro e Edilene Oliveira, pais da criança, o parto foi forçado pelo médico. Edilene conta que antes do nascimento do filho Adryel Dereck, o médico responsável pelo procedimento disse que ela teria que fazer uma cesárea, por conta do peso da criança.
"Teve uma avaliação com o médico e ele falou que [o parto] era cesárea. Ia tentar uma vaga para baixo risco, porque eu não tinha pressão alta e nem diabetes. Ele mandou o encaminhamento, chamou minha mãe e esclareceu a ela que meu parto era cesárea, porque eu não tinha condições de ter ele [bebê] normal, porque ele tinha mais de 4 kg. Depois eles disseram que eu tinha condições de ter [parto] normal. O bebê foi totalmente arrancado", disse ela.
Por meio de nota, a Secretaria Municipal de Saúde de Juazeiro disse que o parto de Edilene estava sendo feito com normalidade, mas na fase final aconteceu uma distorção do ombro do bebê. Segundo a secretaria, é um fato imprevisível. De acordo com os pais, a criança perdeu os movimentos do braço direito e precisou ficar com o braço esquerdo imobilizado por um mês. Mãe e filho ficaram internados por cerca de 15 dias na maternidade. "Estou traumatizada. Quando ele chorava de dor, eu entrava em crise de choro. Ia ficando roxo, chorando demais", lembra a mãe.
Ainda segundo o casal, a maternidade de Juazeiro não ofereceu nenhuma assistência depois que mãe e filho tiveram alta. Ainda por meio de nota, a Secretaria Municipal de Saúde de Juazeiro disse, no entanto, que prestou assistência à família. A instituição informou que o bebê foi acompanhado por um neonatologista e que ficou no alojamento com a mãe em boas condições, passou por consulta com ortopedista, fez radiologia e teve o braço imobilizado.
A secretaria disse ainda que mãe e filho receberam alta com consulta marcada para avaliação com especialista em braço no Centro Regional de Prevenção, Reabilitação e Inclusão Social (Cerpris), mas a família teria dito à Assistência Social da unidade que não iria continuar o acompanhamento do bebê no Cerpris.
Consultas particulares
Edilene e Dyego têm pagado as consultas e fisioterapia do filho. Adryel Dereck foi avaliado por um neuropediatra, que indicou a necessidade de uma cirurgia com urgência, para a reconstrução de um nervo do braço.
"[A maternidade] encaminhou para uma consulta com o especialista de braço, o ortopedista, porém ele disse que ele [bebê] já tinha sido acompanhado na UPA [Unidade de Pronto Atendimento]. E não teve outro atendimento. Mandaram eu procurar a secretaria de Casa Nova, para pedir uma autorização para poder ir para lá de novo, solicitar a fisioterapia.
Edilene disse ainda que não teve como ir na secretaria de Casa Nova fazer o pedido, porque a unidade está fechada para férias. "Não fui na secretaria porque eles estão de férias, desde dezembro está fechado. Nem os exames de raio-x que o médico tinha pedido a gente conseguiu".
A Secretaria Municipal de Saúde de Casa Nova disse, também por nota, tomou conhecimento do caso e dos problemas ocasionados à família pelas redes sociais, e se dispôs a conseguir atendimento para a criança em um hospital referência no atendimento em Salvador, no dia 25 de março.
A Secretaria de Casa Novas disse ainda que as datas das consultas e atendimento não são definidas ou impostas pela instituição, mas sim pelo sistema de regulação do estado.
O casal e o filho moram no distrito de Santana do Sobrado e precisa ir até as cidades de Juazeiro e Petrolina, em Pernambuco, para que o filho passe por consultas e fisioterapias. "Dá vontade de chorar. Porque a gente vê tanta criança movimentando, e ele não. Se vai pegar no braço dele, o braço fica para trás. Tudo é difícil. O banho dele tem que ter o maior cuidado, senão agrava o problema do braço dele".
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