ARTIGO – LARANJAL APODRECENDO!

24 de Feb / 2019 às 23h00 | Espaço do Leitor

Os milhões de brasileiros que lançaram todas as fichas na Casa n. 17 da grande Roleta das últimas eleições, assim como os aficionados do jogo de azar nos cassinos da vida, torceram e acertaram com grande euforia o resultado final dessa grande disputa. Assim como o sorridente vencedor do Cassino, também o eleitor vitorioso alimentou a esperança de que a vida neste país iria mudar de alguma forma, e até acreditou que as práticas eleitorais ilegais eram coisas do passado. Mas, parece que alguém disse aí que “são todos, farinha do mesmo saco”?

Como diz o ditado popular que “a alegria de pobre dura pouco”, esqueceram de contar para eles que o eleitorado elegeu “um Bolsonaro” e não “quatro Bolsonaros” para a presidência! Até quando vai persistir a inquietação desses “garotos”, para deixarem de dar palpites e cuidarem dos seus mandatos, reservando ao pai o direito da independência necessária para tentar mostrar alguma competência na gestão dos problemas do Estado? Se a cada hora um diz uma bobagem e gera uma crise no país, como resistir aos próximos quatro anos? Para culminar a série de acontecimentos que somente interferiram negativamente nos primeiros passos do governo, descobre-se agora a existência desse LARANJAL, cuja primeira laranja podre já caiu (o Gustavo Bebianno) e, pelo andar da carruagem, outros frutos ainda vão despencar, sendo o próximo o Ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio (PSL-MG)!

Preliminarmente, porém, por ser a laranja um dos componentes de grande importância na pauta dos produtos agrícolas que contribuem decisivamente no nosso comércio de exportação, tenho a preocupação de antecipar aos nossos leitores a informação de que se trata, apenas, de uma figura de linguagem hoje institucionalizada como forma de definir que "laranja" ou "testa de ferro", no jargão popular, é a “pessoa que intermedia transações financeiras fraudulentas, emprestando seu nome, documentos ou conta bancária para ocultar a identidade de quem a contrata”, ou seja, para a prática criminosa. Circulam várias versões sobre a sua criação, mas a que me parece mais convincente é aquela que diz que são “laranjas” porque “após uma “espremida”, os presos entregavam os seus companheiros”. Pelo andar da carruagem, se isso acontecer com o PSL, não vai sobrar nem a casca nem o bagaço. Aliás, já corre a conversa de que pretendem fundar um novo Partido, ressuscitando a sigla da UDN que foi extinta em 1965 pelo Governo Militar, para onde migrariam todos os pesselistas!

Outra coisa que alguém sério da equipe tem de dizer ao Presidente é que o uso das Redes Sociais foi uma alternativa tecnológica explorada na campanha com eficiência e sucesso. Mas, hoje no posto de Presidente da República, a liturgia do cargo recomenda uma forma de comunicação diferenciada, séria e com caráter sempre oficial, não sendo concebido que o Presidente continue como um adolescente mandando recados e mensagens pelas Redes Sociais, hora confirmando ou hora negando, num “disse-me-disse” inaceitável. Corre comentários que o filho Carlos Bolsonaro, vereador no RJ – que era o gestor dessa via durante a campanha – é detentor da senha do pai e assim, a qualquer momento, uma grande insensatez pode ser jogada no ar, expondo o país a novas crises. No episódio envolvendo o exonerado Ministro Gustavo Bebianno, como se admitir que o filho do Presidente chame um seu ministro, publicamente, de “mentiroso”? Como o pai preferiu ser solidário ao filho, entendo que, no campo político, foi dado “um tiro no pé”! Que tamanho poder atribuído a uma pessoa que nada tem a ver com o Governo, quando deveria estar dando seu expediente era na Vereança do Rio de Janeiro!

Só não se pode admitir é que a logomarca dessa administração sofra mudança, de Governo Federal para Governo da Confusão. Aí será realmente o fim, antes de começar! Em tempo, uma ressalva: não poderia colocar laranjas apodrecidas na ilustração, e sim um laranjal vistoso e bem carregado de bons frutos, pois é isso que todos nós brasileiros merecemos.

Autor: Adm. Agenor Santos, Pós-Graduação Lato Sensu em Controle, Monitoramento e Avaliação no Setor Público - Aposentado do Banco do Brasil (Salvador-BA).

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