Fora dos mandatos para os quais foram eleitos após serem condenados por improbidade administrativa, Luiz Caetano (PT) e Isaac Carvalho (PCdoB) podem herdar cargos em escalões inferiores do governo da Bahia, comandado por Rui Costa. Pelo menos é essa a expectativa de aliados e, se o xadrez fosse simples, ambos já estariam nomeados. Mas há certa resistência de Rui.
Os dois são ex-prefeitos e obtiveram votos suficientes para garantir vagas na Câmara dos Deputados, mas foram enquadrados pela Lei da Ficha Limpa. No entanto, os impedimentos pouco parecem importar aos correligionários de ambos. O que é relevante é obter um cargo para chamar de seu.
Em um momento em que se exacerba a moralidade, ceder à pressão desses aliados para nomear Caetano e Isaac é um risco para o governador. Ainda que os eleitores tenham dado aval para que assumissem cargos políticos, a Justiça Eleitoral, baseada em decisões de outras instâncias, proibiu os dois ex-prefeitos de estarem em funções públicas. De acordo com informações que circulam nos bastidores, existe uma articulação para encontrar brechas legais para que haja as nomeações. Só é preciso medir se vale a pena ser jugado pela opinião pública diante do conflito sobre o que é moralmente aceitável.
Tanto o PT quanto o PCdoB trabalhariam com a ideia de que os dois ex-gestores, de Camaçari e de Juazeiro, mereceriam um espaço na máquina estatal. Do ponto de vista estritamente político, é aceitável que as legendas queiram “premiar” aqueles que receberam quantidade expressiva de votos. Afinal, políticos vivem de sufrágios e Caetano e Isaac mostraram ser capazes de angariá-los. Acontece que a cena está permeada por nuances muito mais complexas do que o reconhecimento daqueles que têm voto.
Os nomes dos dois eleitos deputados federais foram cogitados para integrar o primeiro escalão do governo Rui antes mesmo de estarem oficialmente fora dos mandatos na Câmara dos Deputados. Isaac já estava com a candidatura sub judice desde antes das urnas se fecharem. Já Caetano viveu uma experiência ligeiramente diferente. Pôde comemorar a eleição e até mesmo a diplomação, até que foi enquadrado pela Lei da Ficha Limpa pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Após as decisões definitivas da Justiça, figurar como secretário era improvável, mas nada impediu que os nomes dois circulassem como possíveis candidatos.
Rui ainda não fechou a reforma do secretariado, porém dificilmente terá um dos dois no primeiro escalão. No lugar dele, também não arriscaria comprar uma briga judicial e com a opinião pública apenas para garantir um lugar ao sol para aliados. Já em escalões inferiores, não descartaria ver Caetano ou Isaac nomeados pelo governo, após insistências dos partidos.
Como os políticos têm tendido a considerar que qualquer decisão contrária aos interesses particulares como uma injustiça, não é difícil prever qual o argumento a ser utilizado para quem defende os dois ex-prefeitos para cargos públicos. Só não peçam para que concordemos com essa desculpa.
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