Janeiro é mês de férias para as crianças, mas também há o risco de acidentes domésticos, que infelizmente são mais comuns nessa época. Risco existe em todos os níveis sociais. Crianças pequenas são bastante curiosas. Elas aprendem sobre o mundo interagindo fisicamente com os objetos que encontram. Gostam de tocar, sentir e explorar. Também aprendem sobre as propriedades das coisas, enfiando-as na boca. Porém, a tolerância exagerada com seu interesse inato representa um risco.
A maior parte das crianças com idade inferior a cinco anos tem pouco senso de perigo; elas não fazem ideia de onde estão se metendo nem sequer se veem em situações de risco para saciar sua curiosidade. Especialistas alertam que 90% desses casos que resultam em morte e internação poderiam ser evitados com atitudes simples.
Ontem (24) uma menina de três anos de idade morreu eletrocutada no Núcleo 9 do Projeto Irrigado Nilo Coelho. A suspeita é que a Yslei Victória dos Santos Souza tenha recebido uma descarga elétrica quando colocou a ponta do cabo do celular que estava conectado a uma tomada na boca.
A principal causa de morte com crianças a partir de 1 ano de idade no Brasil, os acidentes nessa faixa etária foram responsáveis por mais de 4 mil mortes e mais de 95 mil hospitalizações de meninos e meninas.
Os acidentes de trânsito, que incluem atropelamentos e atingem passageiros de veículos, motos e bicicletas, representaram 33% das mortes, seguidos de afogamento (23%) sufocamento (23%), queimaduras (7%) e quedas (6%).
Para a médica Renata Dejtiar Waksman, do Departamento de Segurança da Criança e do Adolescente da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), todos os atores sociais são responsáveis pelas crianças, e o trabalho de prevenção tem que começar já no consultório do obstetra, com a chamada prevenção primária.
“As pessoas subestimam a criança, acham que ela não consegue fazer as coisas, não consegue colocar o dedo na tomada, não consegue rolar da cama, acham que ela não é capaz disso. Falta conhecimento das características e habilidades das crianças, além da falta de supervisão e a distração dos cuidadores”, ressalta Renata.
Análises feitas com base no estudo mostram que alguns elementos estão ligados ao aumento da exposição das crianças aos riscos de acidentes. Entre eles, está a falta de informação, de infraestrutura adequada, de espaços de lazer, creches e escolas e de políticas públicas direcionadas à prevenção. Fatores como a pobreza e as habitações precárias, além das famílias numerosas, também estão associados aos riscos de acidentes.
A pediatra Renata Waksman diz que é preciso encarar o problema como uma epidemia. “Acidentes podem ocorrer em todos os níveis sociais. Aquela criança que tem acesso direto à rua corre risco, mas a outra, que mora em um condomínio, pode ser atropelada na porta da garagem. Infelizmente, [o risco de acidente] está se tornando uma situação muito democrática”.
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