O deputado federal reeleito Jean Wyllys (PSOL-RJ) anunciou nesta quinta-feira que não vai tomar posse para o novo mandato, previsto para começar em 1º de fevereiro. Em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo, o parlamentar alegou que recebe ameaças e teme por sua vida. Ele ainda afirmou que deixará o país. Em seu perfil no Twitter, Wyllys agradeceu aos eleitores e afirmou que preservar sua integridade também é uma forma de luta.
“Preservar a vida ameaçada é também uma estratégia da luta por dias melhores. Fizemos muito pelo bem comum. E faremos muito mais quando chegar o novo tempo, não importa que façamos por outros meios! Obrigado a todas e todos vocês, de todo coração. Axé!”, postou.
Caso assumisse, a nova legislatura seria seu terceiro mandato parlamentar consecutivo, em que se elegeu com 24 mil votos. Jean já está no exterior, de férias, e disse que não pretende retornar ao Brasil.
A vaga deixada por Jean será assumida por David Miranda (PSOL-RJ), segundo informou o site da Câmara dos Deputados. Miranda também tem a pauta LGBTI+ como causa de atuação.
Em entrevista à Folha, Jean afirmou que tem recebido muitas ameaças e que o fato de ser desafeto público do presidente Jair Bolsonaro (PSL) o deixa em situação ainda mais delicada.
Outro fator citado por ele diz respeito ao fato de familiares de um ex-PM suspeito de chefiar a milícia investigada pela morte da vereadora do Rio de Janeiro, Marielle Franco, e do motorista Anderson Gomes.
"Me apavora saber que o filho do presidente contratou no seu gabinete a esposa e a mãe do sicário", afirma Wyllys. "O presidente que sempre me difamou, que sempre me insultou de maneira aberta, que sempre utilizou de homofobia contra mim. Esse ambiente não é seguro para mim", acrescenta.
O parlamentar afirmou ao jornal que pretende se dedicar à vida acadêmica, investindo em um mestrado, mas não revelou para onde pretende ir.
O deputado que está nos últimos dias de atual legislatura – que se encerra em 31 de janeiro -, afirmou que o nível de tensão em que tem vivido é muito alto é que a decisão não foi fácil, principalmente, pela privação da vida com familiares e amigos. Mas, considerou que a situação estava insustentável.
“Como é que eu vou viver quatro anos da minha vida dentro de um carro blindado e sob escolta? Quatro anos da minha vida não podendo frequentar os lugares que eu frequento?”, afirmou ao jornal.
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