"O Carrapicho realizou/ Mais uma tradição/ Uma festança cultural/ Foi muita animação/ Falo do Samba de Véio/ Que levantou a poeira do chão". Com esses versos de cordel, a Jovem Comunicadora Roseane Santos, da comunidade de Alfavaca, interior de Juazeiro, falou sobre evento realizado pelo Coletivo Carrapicho Virtual na noite do último dia 20.
Com o objetivo de valorizar a cultura popular local, o grupo realizou o Reis de Boi e Samba de Véio, que é uma manifestação cultural que já foi muito comum no mês de janeiro na região do Salitre. O grupo de cerca de 20 adolescentes e jovens desde o ano passado assume a organização do evento e este ano encarou o desafio de cuidar de todos os detalhes do esperado bumba-meu-boi.
O grande número de pessoas surpreendeu aos organizadores, o que confirma o interesse da população em não deixar a tradição morrer. A integrante do Carrapicho, Manuela Ferreira, destaca a importância das pessoas mais velhas repassarem o que sabem, contando que seu avô, que quando mais novo preparava e dançava o boi, teve o cuidado de ensinar a ela e aos demais netos que integram o grupo como preparar a atração da noite.
Figuras lendárias como o boi bumbá, a caipora, a mulinha, além da representação de animais como a ema, bode, jumento e urubu, arrancam risos e muita euforia de adultos e crianças. Estas últimas chegam a temer os caretas, pessoas mascaradas que acompanham as figuras e perturbam a garotada. O Reis de Boi e Samba de Véio é uma tradição secular no Semiárido e suas características variam de região pra região.
O Carrapicho Virtual, uma iniciativa de educomunicação que existe no Vale do Salitre desde 2016, tem buscado fortalecer as manifestações populares. Há mais de um ano, o Coletivo vem contando com o apoio do Projeto Jovens Comunicadores, executado através do Pró-Semiárido, projeto executado pela Companhia de Desenvolvimento e Ação Regional (CAR), órgão da Secretaria de Desenvolvimento Rural do Estado da Bahia (SDR), cujos recursos são fruto de Acordo de Empréstimo contraído pelo Governo da Bahia junto ao Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (FIDA).
Durante as oficinas do Jovens Comunicadores, o grupo tem mostrado bastante interesse em debater aspectos da cultura local, inclusive atrelando essa discussão ao turismo, uma possibilidade de geração de renda, sobretudo para a juventude. Além disso, os conteúdos das oficinas tem ajudado aos jovens se lançarem nas atividades com vistas a conquistarem cada vez mais autonomia.
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