Em sua primeira delação no âmbito da Operação Lava Jato, o ex-ministro Antonio Palocci contou que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebeu dinheiro em espécie como propina por parte da empreiteira Odebrecht. "Também se recorda que, dos recursos em espécie recebidos da ODEBRECHT e retirados por Branislav Kontic, levou em oportunidades diversas cerca de trinta, quarenta, cinqüenta e oitenta mil reais em espécie para o próprio Lula", diz um trecho da delação, obtida pelo G1.
Segundo Palocci, Lula lhe pedia que não comentasse com ninguém sobre o assunto. Palocci fechou a delação com a Polícia Federal de Curitiba e o acordo foi homologado pelo Tribunal Regional Federal da capital paranaense, o TRF4, em junho do ano passado. Já o primeiro depoimento do ex-ministro petista foi anexado ao inquérito da PF sobre a Usina Belo Monte, nesta quinta-feira (17). Palocci contou que, durante a campanha de 2010, entregou R$ 50 mil a Lula dentro de uma caixa de celular, no Terminal da Aeronáutica em Brasília.
"Em São Paulo, recorda-se de episódio de quando levou dinheiro em espécie a Lula dentro de caixa de whisky até o Aeroporto de Congonhas, sendo que no caminho até o local recebeu constantes chamadas telefônicas de Lula cobrando a entrega", diz outro trecho da delação. Dois motoristas que trabalharam com Palocci teriam presenciado os encontros entre Lula e o ex-ministro. Um deles é Claudio Souza Gouveia, que, na condição de testemunha, também falou à PF, em agosto do ano passado.
No depoimento, Gouveia disse que por diversas vezes levou Palocci até o Terminal da Aeronáutica em Brasília para levar a Lula presentes e outros objetos. Já o outro motorista, Carlos Alberto Pocente, contou se lembrar de um episódio no qual Palocci estava com muita pressa para levar uma caixa de uísque até o ex-presidente, no Aeroporto de Congonhas (SP). A defesa de Lula ainda não se manifestou sobre a delação de Antonio Palocci.
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