Nunca acreditei em Papai Noel, nem em fadas madrinhas, duendes, Cinderela. Sempre tive os pés no chão e sempre soube de onde vinha o tão suado pão que chegava a mesa da minha casa para matar a minha fome e dos meus irmãos.
Essas baboseiras e fantasias sempre estão na cabeça de garoto bem alimentado, que por não pensar em fome sempre imagina algo mais criativo e sofisticado.
Eu precisava pensar se teria algo para comer. Era comendo um pedaço de pão agora pensando como seria ao amanhecer.
Não senhores! Não tinha tempo, nem cabeça fértil para fantasiar renas, trenó, neve, Papai Noel e seja lá o que for. Quando se está com fome não existe imaginação é só tristeza, angustia e dor.
Ceia de Natal farta com peru, bolinho de bacalhau, leitão, rabanada, lentilha, salpicão só via isso pela televisão e ficava imaginando se algum dia em nossa casa deixaria de ser uma visão.
Minha cabeça estava concentrada, focada em comida, comida e comida. Essa sim era a minha obsessão noite e dia. Não tinha tempo para super-homem, homem Aranha, Batman, esses heróis de cinema e televisão que depois se transformam em bonecos e viram a sensação.
O homem de ferro era meu pai, que todos os dias, embora não tivesse emprego fixo, sempre nos trazia um pedaço de pão e nessas noites tristes e frias de Natal uns brinquedos quebrados e um pouco de animação.
Edi Santana Barbosa
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