Produzir defensivos agrícolas feitos à base de plantas e outros materiais de fácil acesso no meio rural foi o tema de uma formação que aconteceu no último dia 21 na comunidade de Várzea do Uruçu, município de Serrolândia – BA.
A formação, denominada Roda de Aprendizagem, teve como tema Defensivos Naturais em Quintais Agroecológicos e despertou a atenção da comunidade formada por famílias que tem tradição no cultivo de verduras e hortaliças. Recentemente Várzea do Uruçu ganhou mais incentivo por meio do Projeto Pró-Semiárido, que está fornecendo assistência, insumos e equipamentos que estimulam esse tipo de produção.
O Pró-Semiárido é executado pela Companhia de Desenvolvimento e Ação Regional (CAR), órgão da Secretaria de Desenvolvimento Rural do Estado da Bahia (SDR), cujos recursos são fruto de Acordo de Empréstimo contraído pelo Governo da Bahia junto ao Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (FIDA).
O agrônomo Josuel Victor e a técnica em agropecuária Daiane Machado foram os facilitadores da formação. Ambos são colaboradores da Associação dos Pequenos Agricultores de Jaboticaba (APPJ), entidade que presta assistência técnica às famílias de Várzea do Uruçu e de outras localidades da região. Os dois facilitadores apresentaram dados e informações sobre a necessidade e vantagens de se utilizar defensivos feitos, por exemplo, com calda de fumo, alho, nim e outros produtos que combatem pragas e insetos sem contaminar a plantação.
Daiane enfatizou bem que as frutas, verduras e hortaliças produzidas nos quintais das casas devem ser livres de produtos químicos, até porque também são consumidas pelas próprias famílias que as produzem. A técnica lembrou que fazer defensivos naturais é algo que está ao alcance das famílias. "O que se mostrou pra eles foi como fazer produtos simples, com coisas do dia a dia deles (...), a gente tá proporcionando ainda uma forma de viver saudável pra nossas vidas", disse Daiane, que percebeu muita curiosidade dos participantes em produzir e experimentar alguns defensivos mostrados durante a formação.
A agricultora Normeide dos Santos recorda que sua família produzia muitos defensivos feitos com esterco de animais, angico e fumo, usados para proteger a plantação, que, segundo ela, nunca foi destruída por pragas. Apesar de já ter essa experiência, a agricultora destaca a importância de ampliar seus conhecimentos nesse tipo de formação. "Nessas oficinas a gente aprende muito, mesmo as coisas que a gente sabia aprendemos mais ainda" disse Dona Normeide, que acredita em aumentar e melhorar ainda mais a qualidade da sua produção depois da conclusão de três canteiros que estão sendo construídos próximo a cisterna que existe em sua propriedade.
Daniel Oliveira, outro agricultor da comunidade, falou de sua experiência com o uso do biofertilizante, um produto feito com esterco de vaca dissolvido na água e que sempre protegeu sua plantação das pulgas, ácaros ou outro tipo de praga. Além de eficiente, o agricultor diz que, usando o biodigestor, nunca precisou comprar qualquer fertilizante ou defensivo em lojas comerciais, uma experiência que, segundo ele, representa mais um ganho para quem produz de forma agroecológica.
De acordo com os participantes, a formação mostrou que produzir defensivos naturais traz resultados não só do ponto de vista ambiental e econômico, mas também na saúde. Isso serviu de ânimo para a comunidade que têm seus sistemas de produção agroecológicos incentivados tanto para a geração de renda, como para a qualidade de vida das pessoas que cultivam e consomem esses alimentos produzidos de forma limpa e natural.
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