O destino da água utilizada em atividades domésticas na propriedade rural de seu Humberto Rodrigues, pequeno produtor do Assentamento Terras da Liberdade, em Petrolina, é o mesmo que o da maioria dos demais moradores da localidade: o desperdício. Por dia, centenas de litros de água usada para lavar pratos, roupas, para tomar banho ou escovar os dentes, chamada de água cinza, são simplesmente descartadas. Com o objetivo de promover seu reaproveitamento, um projeto de extensão desenvolvido no campus Petrolina Zona Rural do IF Sertão-PE propõe como alternativa o reúso da água cinza, sobretudo em pequenas propriedades rurais, na irrigação.
No último domingo (16), a propriedade de seu Humberto recebeu uma unidade demonstrativa do projeto, por meio da instalação de uma caixa de gordura desenvolvida artesanalmente. De acordo com o professor Sebastião Costa, a ideia é reaproveitar toda a água cinza, através de um processo simples de filtragem. De baixo custo, a caixa de gordura é dividida em duas partes: de um lado recebe a água de esgoto, que passa para o outro lado deixando resíduos de sabão, óleo de cozinha e restos de comida.
"Depois disso basta retirar a água e usar para a agricultura, seja através de regador ou sistema simples de irrigação. Além de promover a conscientização em relação à importância do reaproveitamento de água, evita a proliferação de insetos e doença com o acúmulo de água suja e, a depender dos resultados, pode servir de modelos para implantar em outras comunidades", explicou o professor.
O estudante de Agronomia e bolsista do projeto, Adriano José da Silva, também é morador do assentamento. Segundo ele, a localidade foi escolhida para implantação da unidade demonstrativa porque muitas pessoas não sabem o que fazer com a água cinza, que acaba empoçada nas ruas. "Além de enfeiar a comunidade, a questão do desperdício é muito grave. É uma água que pode ser utilizada para a fruticultura, já que muitos cultivam quintais produtivos", afirmou.
O projeto de reutilização de água cinza na agricultura já foi implantado em comunidades em que a água é bastante escassa. Nesse caso, todo o volume reaproveitado é utilizado no cultivo da palma forrageira, que só necessita de um litro de água por semana. "A proposta é manter o cultivo de palma só com a água que seria desperdiçada", disse o estudante Carlos Eduardo Possídio.
O produtor Humberto Rodrigues ficou animado com a proposta e espera os melhores resultados: "Espero que a gente tenha uma economia muito grande, porque é muita água que é desperdiçada e agora teremos o destino certo para essa água, com uma qualidade melhor. Espero que tudo dê certo", afirmou.
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