Por Carlos Guimar*
O trágico caso na Catedral de Campinas levanta a questão sobre a importância de implementar modelos de segurança mais efetivos em templos religiosos.
É preciso entender que igrejas, catedrais, sinagogas e outros locais sagrados são ambientes vulneráveis, ponto de acolhimento de diversos tipos de pessoas, que em muitos casos encontram-se com algum problema - seja por doença ou por uma situação que a deixa fragilizada – a procura de conforto, paz e aconchego.
Por todos estes fatores elencados acima, entende-se a necessidade de uma atuação especial quando falamos em segurança eficaz em templos religiosos. É necessário pensar duas vezes antes de instalar cruamente componentes padrão de sistemas integrados de segurança nestes ambientes, tais como vigilantes, porteiros, câmeras de vigilância, alarmes, portais de detecção de metais. Não sabendo alocar corretamente estas ferramentas, pode se perder o propósito do local.
No caso do atirador de Campinas, por exemplo, muito se falou da aplicação de portais detectores de metais a fim de evitar a tragédia. Porém, pensando aqui num possível cenário com detector de metal, e se o alarme fosse acionado? Como o profissional da segurança faria essa abordagem para não criar pânico nos fiéis? Basta lembrar como funciona a entrada de um banco para você associar como seria na igreja. Não atenderia por si só e geraria um estresse desnecessário ao visitante.
Hoje, sistemas integrados de segurança são empregados somente em templos considerados pontos turísticos, em locais de peregrinação ou em lugares que possuem um acervo valioso. Em linhas gerais, só em ambientes com fluxo maior de pessoas há todo um aparato de segurança traçado para garantir o conforto e a integridade do visitante. O restante não segue esta linha.
Para efeitos práticos, por ora, os templos que na sua maioria não possuem Sistemas de Segurança podem implementar um sistema de câmeras capaz de identificar ambiente e pessoas em todos os pontos do local, por exemplo. Contatar a polícia e entrar no plano de policiamento da região, trazendo a presença ininterrupta ou rondas nos arredores do local, bem como reforçar a presença de policiais em dia de maior pico de concentração de pessoas e, outra boa oportunidade, realizar treinamentos de comportamento preventivo para os funcionários também são medidas protetivas bem-vindas.
Em paralelo, aproveito o espaço para esmiuçar outro ponto desdobrado a partir do caso de Campinas, que é a discussão em torno da política de armamento ou desarmamento. Uns acreditam que o uso de armas aumenta a violência, outros já pensam que se tivesse alguém devidamente treinado e preparado no local poderia reagir e evitar todas as mortes.
Seja qual for a dimensão do lado, a resolução é uma só: ampliar o controle de entrada de armas ilegais no País. Essa seria uma forma do agressor não ter adquirido de forma ilegal as armas e as chances de acontecer uma tragédia como esta na Catedral campineira poderiam ser bem menores.
*Carlos Guimar é especialista em segurança e sócio-diretor da ICTS Security, consultoria e gerenciamento de operações em segurança, de origem israelense.
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