A Polícia Civil e o Ministério Público de Goiás não descartam a possibilidade de pedir o fechamento da Casa Dom Inácio de Loyola, centro erguido pelo médium João de Deus em Abadiânia (GO). O religioso é acusado de cometer diferentes crimes de violência sexual contra mulheres que o visitaram em busca de ajuda espiritual. O fechamento, no entanto, se efetivado, só acontecerá após a coleta de depoimentos de vítimas e de provas dos crimes.
"Enquanto não tivermos algo concreto, por cautela, não poderemos interditar o estabelecimento. Fatalmente, (um pedido desse tipo) vai ser negado (se for feito agora). Tomaremos todas as providências, de forma célere, mas não atabalhoada", afirmou o promotor Luciano Miranda Meireles. Já a delegada responsável pela Coordenadoria de Comunicação da PCGO, Marcela Orçai, disse que uma decisão desse tipo será tomada ao longo das investigações. "Só a força-tarefa poderá decidir", afirmou.
A delegada explicou que as denúncias serão investigadas por duas forças-tarefas, uma coordenada pelo Ministério Público de Goiás (MPGO) e outra pela Polícia Civil do estado. "As investigações que chegaram à Polícia Civil serão investigadas pelo (Departamento de Investigações Criminais), com auxílio do Ministério Público. O MP não pode avocar nossas investigações. Eles podem requisitar que nós restauremos procedimentos. Pegar nossos procedimentos, só depois de finalizados", afirmou.
O grupo de policiais civis que atuará no caso se reúne pela primeira vez às 16h30, em Goiânia. Além do delegado-geral, André Fernandes, participam agentes e psicólogos do Departamento de Investigações Criminais (Deic); da Delegacia da Mulher e da Delegacia da Criança e do Adolescente (DCA).
Marcella afirmou que a polícia goiana já havia instaurado dois inquéritos para apurar denúncias de abusos cometidos por João de Deus. Um, em 2016, que está em estágio mais avançado, e outro este ano, cuja denunciante é uma moradora de São Paulo. "Antes disso, o João já tem três processos no poder judiciário. Sendo que dois desses foram arquivados e no outro ele foi absolvido."
Depois da veiculação das matérias em rede nacional, outras duas mulheres procuraram as delegacias em Goiânia e também relataram o mesmo tipo de crime, que também serão investigados na força-tarefa. Já o Ministério Público deverá coletar denúncias em todo o país. Segundo a delegada, não há previsão para que João de Deus seja ouvido. "A força-tarefa que definirá isso", disse.
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