Tenho, por formação democrática, a vocação de respeitar todas as posições políticas e ideológicas - o que não significa silenciar ou ser omisso -, razão porque não costumo contestar ou polemizar diante de comentários dos estimados leitores, uma vez que deles me permito extrair um feedback positivo sobre os temas abordados e a realidade em que vivemos. Sei que é impossível pretender que haja unanimidade política, e assim os conflitos de pensamento sempre existirão.
Não obstante essa postura conceitual, é impossível não questionar, respeitosamente, o comentário de uma inteligente leitora à crônica sob o título “QUE TAL UMA NOVA CARTILHA? ”, de 18/11/18, na qual este autor sugeria “convocar os intelectuais, professores e filósofos da esquerda nacional - e os leitores conhecem alguns! -, para produzirem uma nova Cartilha ajustada à realidade brasileira, alterando, assim, o modelo vencido de doutrinação esquerdista”.
A definição teórica, conforme o enfoque da leitora, de que o “Esquerdismo é humanismo” reflete o lado apenas filosófico, porque, na prática do dia a dia, o Esquerdismo é Extremismo no mais puro sentido, traduzido na essência das suas práticas pouco ortodoxas de convencimento e conquista do poder, sem o menor respeito às instituições e às liberdades individuais. Nos poucos países onde a esquerda é dominante, não existe qualquer espaço para manifestações públicas ou tolerância com eventuais opositores ao regime, a exemplo da Rússia, Cuba, Bolívia e Venezuela. Inversamente, onde não há domínio da esquerda, os seus adeptos são contundentes na cobrança do direito à liberdade, o que evidencia um contrassenso ideológico! Ora, se a Direita, identificada como fascista, utiliza-se das mesmas práticas no exercício do poder, então é possível se concluir de que Direita e Esquerda são “farinha do mesmo saco”!
Quando insinuei a necessidade de uma nova Cartilha para a Esquerda brasileira, o fiz pelo convencimento de que o seu projeto político estava desvirtuado e necessitava de uma releitura. Por exemplo, se o Temer veio como um mal para o país, quem o colocou na condição de eventualmente assumir o Poder, foi a Esquerda ou o PT, que o elegeu Vice-Presidente! Quem pavimentou a estrada para que a Direita de Bolsonaro chegasse ao poder de maneira tão simplória, favorecida pelos inovadores recursos das Redes Sociais, foi a própria Esquerda, pela maneira como impôs à população a vontade da mudança, diante de tantos escândalos nacionais produzidos e repetidos aos quatro cantos do país e das formas mais criminosas que se possa imaginar contra o dinheiro do povo.
Poderia até concordar com aqueles que censuraram o fato do Bolsonaro bater continência à Bandeira dos EUA e ao Conselheiro de Segurança Nacional dos Estados Unidos, em visita ao Brasil. Não sou militar, nem militarista, mas consigo entender que bater continência se torna um gesto rotineiro inserido nos hábitos do militar, como forma de saudação, o que ocorreu no contato com o Assessor americano, assim como a vibração no encontro entre jogador e torcedor, campeões; já no caso da Bandeira, um sinal de respeito ao símbolo maior de uma nação amiga. E isso não cabe, necessariamente, fazer ilações maldosas de subserviência ao poder americano.
No mesmo Blog onde esses registros foram feitos, aparece mais um detalhe que envergonha a nossa História: dizer “que Celso Amorim foi o melhor Ministro das Relações Exteriores que o Brasil teve nos últimos 500 anos”, só porque intensificou as relações com países latinos da esquerda (Cuba, Bolívia, Venezuela, etc.), a um custo altíssimo de bilhões de reais lá investidos, chega a ser um elogio exagerado e vazio! O Barão do Rio Branco, Ministro das Relações Exteriores de quatro Presidentes no passado, deve ter tremido de vergonha no túmulo!
Por essas e outras, plenas de radicalismos inconsequentes, é que estamos passando pela atual situação política. Antes de invocar as ideologias da Direita ou da Esquerda, precisamos eleger o Brasil como a ideologia de CENTRO de todas as lutas! Fico com o pensamento do Millôr: ESQUERDA e DIREITA pecam pelo que acreditam!
Autor: Adm. Agenor Santos, Pós-Graduação Lato Sensu em Controle, Monitoramento e Avaliação no Setor Público - Aposentado do Banco do Brasil (Salvador-BA).
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