A mãe do ex-ministro Geddel Vieira Lima, Marluce Vieira Lima, não compareceu à audiência que ocorreu nesta terça-feira (30), em Salvador, sobre o caso dos R$ 51 milhões, que seriam do ex-ministro, e foram encontrados em um apartamento, no ano passado.
Marluce foi representada pelo advogado Gamil Foppel, que também é o defensor de Geddel no caso. Ao G1, Gamil disse que a cliente não compareceu à audiência por conta de problemas de saúde, e que ele se pronunciará, ainda nesta terça, por meio de nota. Na audiência, o avogado apresentou dois atestados e uma prescrição médica para justificar a ausência de Marluce.
Também foram convocados para serem ouvidos pela Justiça Federal na Bahia, o empresário Luiz Fernando Machado da Costa Filho e o ex-assessor do deputado Lúcio Vieira Lima, Job Ribeiro Brandão. Eles compareceram à audiência, mas o conteúdo do que eles disseram não foi divulgado.
Quem conduziu o interrogatório foi o juiz instrutor Paulo Marcos de Farias, encaminhado de Brasília. A sessão ocorreu na sala da 17ª Vara Criminal, no Fórum Teixeira de Freitas, começou às 16h30 e terminou por volta das 18h20.
O primeiro a chegar no local da audiência desta terça foi o empresário Luiz Fernando Machado, às 15h30. Acompanhado de um advogado, ele foi direto para a sala e não falou com a imprensa. Após a oitiva, o defensor dele, César de Faria Júnior, informou que o cliente apenas confirmou o que já havia dito à polícia, em depoimento.
Em seguida, por volta das 16h, chegou o ex-assessor Job Ribeiro. Assim como Luiz, o réu foi direto para a sala e também não falou com os jornalistas. O advogado dele, Felipe Dalleprane Freire de Mendonça, disse que o cliente repetiu o que tinha dito antes e que ele não tem envolvimento com nada. Segundo Dalleprane, Job era "um mero empregado doméstico".
Em 8 de maio deste ano, a Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) aceitou a denúncia oferecida pelo Ministério Público Federal contra o deputado federal Lúcio Vieira Lima e o irmão dele, o ex-ministro Geddel Vieira Lima, ambos do MDB, no caso dos R$ 51 milhões apreendidos em um apartamento em Salvador.
Além deles, o STF também acolheu a acusação contra Marluce Vieira Lima, mãe de Geddel e de Lúcio; Job Ribeiro, ex-assessor de Lúcio Vieira Lima; e Luiz Fernando Costa Filho, sócio da empresa Cosbat.
Com isso, eles se tornaram réus e passaram a responder a uma ação penal na Corte pelos crimes de lavagem de dinheiro e associação criminosa.
Após a decisão, o STF ainda decidiu manter na cadeia o ex-ministro Geddel Vieira Lima, preso desde setembro do ano passado no presídio da Papuda, em Brasília. Em decisão unânime, os ministros negaram o pedido de liberdade da defesa.
Na denúncia, a Procuradoria Geral da República (PGR) diz que os R$ 51 milhões têm como possíveis origens propinas da construtora Odebrecht; repasses do operador financeiro Lúcio Funaro; e desvios de políticos do MDB.
A procuradora-geral da República, Raquel Dodge, disse que estatais como Petrobras, Furnas e Caixa Econômica Federal tiveram prejuízo de ao menos R$ 587,1 milhões. Só no banco, teriam sido desviados para propina R$ 170 milhões pela ingerência de Geddel, segundo a PGR.
O órgão também apura se uma parte dos R$ 51 milhões corresponde à parte dos salários de assessores que, segundo a PF, eram devolvidos aos irmãos Vieira Lima.
Na sessão, em nome da PGR, a subprocuradora-geral Cláudia Sampaio Marques apontou como um "fato inédito" a localização de R$ 51 milhões em dinheiro vivo.
"Se esses crimes são ou não verdadeiros, a investigação dirá, mas são fortes os indícios da prática desses crimes, tanto que foi encontrado o fato inédito no Brasil e talvez no mundo R$ 51 milhões em dinheiro vivo acumulados durante anos e anos de recebimento de vantagem indevida", disse.
Cláudia Marques também defendeu que Geddel Vieira Lima continue preso. Segundo ela, ele estava em prisão domiciliar quando os valores foram encontrados no apartamento. Ela apontou ainda que há indícios de que Geddel tenha recebido mais de R$ 100 milhões em propina.
"A descoberta do dinheiro, estando o réu preso, quando a prisão havia sido decretada em razão de ter tentado constranger um colaborador, estava escondendo como fato configurador de lavagem, auferido durante anos. [...] O paciente continua sendo investigado por corrupção, peculato. Seria um desplante, um descaso com a justiça soltar", afirmou.
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