Uma militante do PT e um apoiador do presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) sofreram agressões na noite desse domingo (28), em Salvador, após a vitória do capitão reformado do Exército no segundo turno das eleições 2018. A estudante Janaína Barata, 21, ligada ao movimento suprapartidário Esquerda Unida, apanhou com cassetetes de policiais militares que trabalhavam no Rio Vermelho, bairro da orla marítima de Salvador que é reduto histórico do PT na capital baiana.
Já o eleitor de Bolsonaro, ainda não identificado pelos órgãos de segurança, foi baleado na perna por um PM à paisana que disse estar descontente com a eleição do capitão reformado do Exército diante do presidenciável do PT Fernando Haddad. O segundo caso aconteceu no Farol da Barra, um dos principais pontos turísticos de Salvador, onde se concentram tradicionalmente os apoiadores do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT) e da candidatura de Bolsonaro nestas eleições. Fotos de testemunhas mostram o asfalto em frente ao Farol cheio de sangue.
Autor dos disparos, o PM à paisana foi conduzido por outros policiais militares para a delegacia após o fato. A vítima foi levada para o Hospital Geral do Estado (HGE), na região central da capital baiana, mas não há notícias sobre sua situação hospitalar. A Secretaria da Saúde do Estado da Bahia não divulga o estado de pacientes de suas unidades. Foi para o mesmo hospital que o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) levou a estudante agredida no Rio Vermelho. Segundo relatos, Janaína defendia um jovem que estava sendo agredido quando foi empurrada e também sofreu agressão dos PMs.
Atingida por um cassetete, ela desmaiou após a porrada e teve cortes grandes na cabeça, segundo familiares. Há ainda relatos de que ela foi chutada mesmo após cair no chão, mas o vídeo da agressão que circula nas redes sociais não mostra essa cena.
De acordo com um médico amigo da família da vítima que a acompanhou no HGE, ela teve um farto sangramento, por ter sido atingida na cabeça, região muito irrigada pelo sistema sanguíneo, mas passa bem, sem apresentar confusão mental. Janaína foi submetida a uma tomografia e levou pontos nos cortes antes de depor na própria unidade de saúde. A estudante também passou por exame de corpo de delito no Instituto Médico Legal.
Em nota, o governador reeleito da Bahia, Rui Costa (PT), afirmou que vai apurar o caso. Ele determinou o encaminhamento imediato da situação para a Corregedoria da PM e condenou, em comunicado e pelas redes sociais, o ato de violência. Costa falou em "ampla e rigorosa apuração da ação policial pela Secretaria de Segurança Pública (SSP)".
O Estado apurou com fontes do PT ligadas ao governo que os policias já foram identificados, por meio da placa da viatura usada durante o serviço. A SSP não confirma a informação.
Em nota, o órgão disse que a PM precisou isolar o Rio Vermelho "após confronto entre militantes de partidos rivais" e que, por isso, o policiamento foi reforçado na região. Ainda conforme a pasta, a suposta confusão teve início quando veículos passavam pela via comemorando a vitória de Bolsonaro e foram atingidos por objetos.
Um homem transexual - identificado como mulher na nota da SSP - foi detido. Um tiro foi disparado para cima durante a condução, admitiu a SSP, após relatos de testemunhas darem conta de que disparos aconteceram no bairro durante a operação.
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