"Enquanto não houver justiça e democracia Canudos resiste". Se calarem a voz dos profetas, as pedras falarão. Estes são os principais objetivos da 31ª Romaria de Canudos, que acontece de 19 a 21 de outubro, na cidade de Canudos no interior da Bahia. O evento religioso consiste em uma ação popular, que visa debater e despertar a população local e visitantes, sobre a importância de Canudos no passado, no presente e suas referências para pensar o futuro.
Entre os destaques da programação o Encontro das Pastorais Sociais do Nordeste, a Celebração ecumênica e analise de conjuntura, Visita ao Parque Estadual de Canudos. Visita a Feira da Agricultura Familiar de Canudos. Mesa Redonda e Noite Cultural. O encerramento acontece no domingo (21) com uma Alvorada às 5 h. Celebração Eucarística às 6h . Caminhada até o Mirante às 8h.
A programação ainda prevê palestras, eventos de manifestações culturais da região, apresentações de peças teatrais, missas, danças, mesas de debates, oficinas de literatura e moldagem, e de audiovisual e teatro, além de exposição sobre a produção agrícola sertaneja.
O ator e artesão Jose Afonso desdes 1997 faz o papel do Conselheiro. Ele diz que o evento é um dos atos de maior resistência e reflexão da história que não e contada pela elite e pelos livros escolares. "É a verdadeira história do povo que resiste até os dias atuais e grita pela justiça", diz Afonso.
A 31ª Romaria de Canudos é organizada pelo Instituto Popular Memorial de Canudos (IPMC) e pela paróquia local.
Antônio Vicente Mendes Maciel, conhecido por Antônio Conselheiro. Antônio Conselheiro chega à Bahia num contexto de sofrimento por parte do povo, dos pequenos agricultores e comerciantes locais. O decreto da Princesa Isabel pondo fim a escravidão (1888), sem nenhum tipo de política compensatória e de inclusão social, colocou os negros e negras numa situação de exclusão e indigência.
Em 1877 a 1900 várias secas provocaram um intenso ciclo de migração interna no Nordeste. Na grande seca de 1877 a 1879 morreram cerca de 300 mil nordestinos e nordestinas. Estima-se que no Ceará em 1878 a migração, pôs em movimento migratório 120 mil pessoas.
O conselheiro chega a Canudos nesse contexto de abandono das populações empobrecidas. Segundos os historiadores o Nordeste não interessava ao poder econômico e político. Antônio Conselheiro falava ao povo, afirmando ter sido chamado por Deus para servi-lo. Conselheiro, leigo, católico, diz-se convertido para anunciar o Evangelho aos mal-aventurados sertanejos/as.
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