Mais de dez ambulâncias do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) de Juazeiro, estão abandonadas e em proceso de sucateamento, no pátio da prefeitura da cidade. No local, há ambulâncias faltando motor, sem os pneus, sem janelas e faltando os faróis. Além disso, dentro de alguns veículos há seringas abandonadas.
O Ministério Pùblico da Bahia (MP-BA) instaurou inquérito em 2015 para investigar denúncia de má prestação do serviço. Dois anos depois, apresentou relatório onde apontava os problemas e pedia ao município que se manifestasse. A prefeitura, segundo o MP-BA, nunca respondeu. Ontem segunda feira (17), representantes do órgão e do município se reuniram pra discutir a situação.
De acordo com o MP-BA, dentre as irregularidades apontadas estão a falta de nomeação de coordenadores médicos e de enfermagem, falta de manutenção nas unidades móveis de sáude e o funcionamento do Samu com 75 % da frota. Além do MP, moradores da cidade também reclamam do serviço. Em julho deste ano, Maria Josélia dos Santos, mãe de sete filhos, e que aguardava há sete anos por uma cirurgia no coração, passou mal em casa. De acordo com a família, o Samu foi acionado, não chegou a tempo e Josélia morreu sem receber atendimento.
“Assim que o vizinho dobrou o beco, a Samu apontou. Aí eu falei para os meninos: ‘Diga que volte, porque ela já foi’”, conta a mãe de Josélia.
Além das reclamações de demora na resposta aos chamados, o atendimento do Samu também é prejudicado pela superlotação dos hospitais no município. Quando falta leito, o paciente acaba ficando acomodado na maca da ambulância que o levou até o hospital, e a ambulância fica temporariamente sem a maca pra poder fazer outros atendimentos. Foi o que aconteceu com dona Josefa, de 87 anos.
“Não tinha maca. Não tinha como atender. Tinha ambulância, mas todas as macas estavam presas no hospital. A resistência dela é muito menor em relação a uma pessoa mais jovem, então ela precisa de um atendimento mais rápido. Para conseguir tirar da cama e levar para o carro foi um verdadeiro sacrifício. Mas depois de muito esforço, tentando com duas, três pessoas, nós conseguimos deitar o banco do carro, colocar alguns travesseiros para poder simular uma cama, uma maca, e conseguimos levar no carro”, contou Venâncio Vieira.
Em nota, a Secretaria Municipal de Saúde informou que o Samu tem sete ambulâncias em funcionamento, sendo cinco unidades de suporte básico e duas unidades de suporte avançado, equipadas com UTI, além de uma motolância. Segundo a secretaria, essa frota é suficiente para fazer o atendimento das 60 ocorrências registradas diariamente na cidade.
A nota diz ainda que o Samu faz a manutenção das ambulâncias, mas que a cada quatro ou cinco anos, o Ministério da Saúde deve trocá-las, e que o município vai receber nos próximos dias quatro novas ambulâncias para renovação da frota. Com relação aos veículos sucateados, o município diz que está aguardando o posicionamento do Ministério da Saúde, para saber se eles vão ser encaminhados ao pátio do ministério ou se serão leiloados.
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