Uauá é uma pequena cidade com pouco mais de 25 mil habitantes, localizada no sertão baiano, a 438 km da capital, Salvador. Uma das fontes de renda para muitos trabalhadores da região provém da utilização de maquinários pesados na agricultura local. No entanto, a dificuldade e falta de costume no manuseio desses equipamentos ocasionam, com frequência, graves acidentes que resultam, inclusive, em amputações.
Em solidariedade às dificuldades vividas por esses trabalhadores acidentados, um grupo de estudantes do Colégio Estadual Nossa Senhora Auxiliadora se mobilizou e, a partir de materiais recicláveis, criaram o projeto "Prótese Versátil", um dos finalistas do Desafio Criativos da Escola de 2017.
Tudo começou quando um vizinho de Luís Gonçalves, aluno do 2º ano do Ensino Médio, sofreu um acidente e perdeu o braço direito. O jovem acompanhou de perto os percalços do homem e percebeu que a falta de recursos e os altos valores das próteses convencionais, entre R$ 5 mil a R$ 20 mil, eram problemas graves para seu vizinho e para outros conterrâneos na mesma situação.
Ao compartilhar essa situação com outros estudantes, o grupo todo percebeu que poderia fazer a diferença na vida dessas pessoas usando algo que tinha de sobra: a criatividade e a vontade de mudar essa realidade. E assim, peças de calças jeans usadas, garrafas pets e tubos de PVC passaram de itens recicláveis a matérias primas para a construção de protótipos de próteses para esses moradores amputados.
Apesar de simples e produzidos com itens de baixo custo, os modelos criados pelos jovens funcionam tão bem quanto as próteses industriais, segundo os voluntários que usam os itens. Eles afirmam, inclusive, que a versão estudantil é de adaptação mais fácil por ser mais leve e proporciona melhor mobilidade para a realização de movimentos como segurar um copo ou escrever.
O "Prótese Versátil" foi vencedor da feira de ciências do colégio, alçando a participação dos estudantes na Feira de Ciências, Empreendedorismo e Inovação da Bahia (Feciba). Agora, os jovens pretendem investir na estética dos objetos e em parcerias com centros de pesquisa para melhorar os movimentos das peças. Também buscam apoio para conseguir uma máquina de corte a lazer para aumentar, assim, a produção das próteses e atender mais trabalhadores da zona rural.
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