Nos dias atuais sinto como se vivêssemos em um campo de batalha, a analogia que consigo fazer é que computadores/telefones celulares são como trincheiras. Cada um se esconde como pode e manda bala em quem está do outro lado. As redes sociais se transformaram em arenas de embates acalorados e recheados de agressividade. Estamos separados em dois grupos: “os que pensam como eu e os meus inimigos”.
Eu acredito, e já falei sobre isso antes, que algumas pessoas devem pensar que a vida virtual difere da vida real, acham que um perfil na internet não reflete seu caráter como cidadão do lado cá da tela. A frieza, separatismo, gritos de preconceito – dos mais variados tipos-, ofensas e discurso de ódio que expressam virtualmente são tão intensos que me fazem repensar algumas amizades. Pessoas que gosto, convivo ou já convivi e até admiro (admirava) revelam um lado obscuro que eu jamais poderia imaginar.
Ao que parece, esses sentimentos negativos afloram quando envolve personalidades políticas, percebi isso na ocasião da morte do então candidato à Presidência da República Eduardo Campos, depois se repetiu na época da doença e morte de Marisa Letícia esposa do Ex-Presidente Lula, no assassinato da vereadora do Rio de Janeiro Marielle Franco e seu motorista Anderson Gomes, e vejo se repetindo, embora em menor escala, até porque não terminou em morte, com o recente fato acontecido ao Presidenciável Jair Bolsonaro.
Pessoas fomentando, propagando, incentivando e amplificando o ódio, tripudiando de tragédias, levantando teorias conspiratórias e até comemorando o acontecimento de coisas ruins. Esquecendo-se que estamos falando de vidas humanas, tragédias familiares, muita dor envolvida. Cadê a solidariedade? Onde está o amor ao próximo como Jesus nos ensinou? Será que as pessoas enlouqueceram? Perderam o discernimento? E se fosse com um ente querido nosso?
Um dia desses conversando com um amigo, falando da minha decepção em relação ao comportamento de algumas pessoas, com o advindo e popularização das redes sociais, como essa evolução tecnológica deixou algumas pessoas mais perversas, fascistas, frias e inconsequentes. Ele me mostrou, e usou argumentos bem sólidos, que a internet não muda ninguém. Ela apenas revela faces ocultas. Descortina personalidades já existentes. Concordei de imediato. E fiquei ainda mais preocupada.
Também já escrevi isso aqui mesmo nesse blog, em outra oportunidade, mas não custa nada repetir. Infelizmente não temos o poder de controlar as ações e comportamentos de outras pessoas, mas podemos escolher se e como isso vai nos afetar. A violência e agressividade que nos são ofertadas podem e devem ser recusadas. Só acolhemos e carregamos aquilo que nos interessa.
Nos afastar de pessoas negativas que têm pensamentos e atitudes sombrias não é egoísmo, é autodefesa. Partindo do princípio de que o ser humano é fruto do meio e de que somos a média das cinco pessoas que nos cercam, temos o dever de manter uma vigilância constante.
É inevitável que nos decepcionemos com o que elas dizem, sobretudo, como dizem. Mas, não podemos acumular negatividade em nós. Para nosso próprio bem. No facebook existe um comando chamado deixar de seguir eu já ativei esse botão no perfil de muitas pessoas, não preciso desfazer a amizade lá, porque inevitavelmente vai refletir do lado de cá. Mas, não preciso ler o que ofende minha sanidade.
Precisamos fazer uma autoanálise e repensar nosso comportamento, observar se em algum momento somos algozes ou vítimas. Um conselho: façam isso! Vocês podem se surpreender. Eu fiz, aliás, faço constantemente. Muitas vezes agimos mal e nem percebemos. Ao notar uma grosseria desnecessária, ou um comportamento inadequado não hesite em se desculpar. Humildade e hombridade não pesam, nem nos torna subservientes, muito pelo contrário, nos deixam mais leves.
Depois, temos que ativar o filtro no nosso cérebro. Decidir se, como e com qual intensidade a negatividade alheia vai chegar a nós. Caso aconteça cada um precisa achar o antídoto para se curar logo. Ranzinzice e sisudez são contagiosos. Cuidado! Isso pode te fragilizar e até te atrapalhar na conquista pelos seus sonhos. Perder a fé nas pessoas é um caminho sem volta.
Precisamos lutar com as armas que temos. Assim como deixar que as pessoas se virem com o que elas possuem, cada um precisa dominar a fera que habita dentro de si. Além do mais, tanto na internet quanto fora dela, ainda existem pessoas gentis e educadas em busca de discussões saudáveis, ainda é possível uma boa conversa com quem sabe argumentar sem a necessidade de agredir.
Verônica Monteiro – Contadora, baiana de nascença, pernambucana de coração e com uma imensa necessidade de voltar a ser escrevedora de coisas.
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