Maioria dos ex-ministros de Temer que disputam as eleições em 2018 evitam citar presidente nas redes sociais

03 de Sep / 2018 às 16h46 | Variadas

O primeiro escalão de Michel Temer preferiu evitar o nome do presidente ao fazer campanha no Facebook e no Twitter. Uma análise feita pelo G1 mostra que, dos 18 ex-ministros do emedebista que são candidatos nestas eleições, 4 citaram nominalmente o ex-chefe e 1 deles usou uma imagem do presidente em um vídeo de campanha. Em nenhum desses casos o tom foi abertamente elogioso. Procurada, a assessoria de imprensa de Temer afirmou que "a Presidência não faz comentários sobre as eleições".

O levantamento considerou todas as postagens dos 18 políticos feitas nas duas redes sociais entre 16 e 30 de agosto, período que compreende as duas primeiras semanas de campanha. Os 4 candidatos que mencionaram o presidente são: Henrique Meirelles (MDB), Marcelo Calero (PPS), Roberto Freire (PPS) e Romero Jucá (MDB). Além deles, Ricardo Barros (PP) inseriu, em um vídeo, uma imagem de Temer de costas durante uma reunião com vários políticos, incluindo o candidato.

Para Márcia Dias, coordenadora do bacharelado em ciência política da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio) e especialista em comportamento político, tentar descolar sua imagem de um governante mal visto pelo público é uma estratégia clássica dos candidatos. Em junho, pesquisa Ibope mostrou que a aprovação do presidente havia caído para 4%.

Dos 18 ex-ministros e hoje candidatos, 12 mencionaram positivamente o trabalho que desempenharam à frente do ministério. Meirelles foi o único deles a citar Temer nominalmente. Os outros 11 ignoraram o atual presidente. O G1 entrou em contato com todos para saber o motivo:

Entre os ex-ministros, Antônio Imbassahy (PSDB), candidato a deputado federal (BA), secretário de Governo entre fevereiro e dezembro de 2017: em seus posts nas duas últimas semanas, Imbassahy menciona várias vezes sua experiência como prefeito de Salvador e como deputado federal, e menos frequentemente seu trabalho como governador da Bahia. Mas sua atuação durante quase um ano como secretário de Governo de Temer não apareceu. A assessoria de imprensa não respondeu aos contatos feitos entre as 16h50 e as 21h desta sexta.

Fernando Coelho Filho (DEM), candidato a deputado federal (PE), ministro de Minas e Energia entre maio de 2016 e abril de 2018: em seu perfil no Facebook, o candidato não cita Temer desde que deixou o ministério; durante a campanha, ele procurou focar suas redes sociais em seus feitos como deputado e no registro de suas caminhadas e eventos de campanha. A assessoria de imprensa do candidato não enviou resposta até as 20h desta sexta porque ele estava em viagem.

De acordo com Márcia Dias, da Unirio, sempre que um governante é impopular, os aliados ou ex-aliados em campanha eleitoral se afastam dele para evitar o contágio dessa baixa aprovação. No caso específico de Michel Temer, as políticas adotadas não foram percebidas pelo eleitor como benéficas, avalia a pesquisadora. "Não se deve só às denúncias de corrupção, tem a ver com as medidas impopulares dele. Ele acreditava que estava fazendo o melhor pelo país, mas sabia que não ia agradar a maioria da população."

G1 Foto: Divulgação

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