O raro ouvido absoluto há de ter facilitado a vida de Helio, da infância prodigiosa até os 64 anos da carreira como cantor, compositor, tecladista, arranjador. Foi ele a voz inesquecível do Pholhas, uma das principais bandas de rock nacional dos anos 1970. Especializada em covers de grupos americanos e ingleses - moda à época da ditadura militar brasileira-, a banda fazia cerca de 40 shows por mês.
Também lançou músicas próprias, quase sempre românticas, no idioma estrangeiro. Entre os sucessos, "She Made Me Cry", "I Never Did Before" e "Forever" -a preferida de Helio, apelidado de cabeção pelos colegas.
Na banda, teve uma trajetória de idas e vindas. Saiu pela primeira vez em 1978, retornando dois anos depois para gravar o disco "Memories". Em 2006, deixou definitivamente Paulo Fernandes (bateria), Oswaldo Malagutti (baixo) e Wagner "Bitão" Benatti (guitarra).
Queria investir numa carreira solo. Nessa época, já era fundador e sócio de um estúdio, o Mosh -nome formado pelas suas iniciais com as do baixista do Pholhas. Nascido no Pari, região central da capital paulista, e criado na zona leste, Helio mantinha, mesmo no auge do sucesso, o estilo despojado: tênis, calça jeans largada e um brinco na orelha esquerda.
Começava as frases com "pô, bicho" e não abria mão de parar em qualquer canto e pedir uma Coca-Cola bem gelada. Seu último disco foi intitulado "Alone". Tinha acabado de gravar uma nova música - que será lançada ainda este ano -, mas o cantor morreu enquanto dormia, no domingo (26), aos 69 anos. Sofria de ataxia (perda de coordenação muscular). Deixa a irmã, a mãe, a esposa e os três filhos.
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