Os 80 anos da morte de Virgulino Ferreira, o Lampião são o tema central do Seminário Sertão Cangaço. O evento reúne historiadores e pesquisadores de diversas partes do país em torno da saga dos cangaceiros que formou uma cultura própria no Sertão Nordestino.
Na programação, lançamentos de livros, palestras e apresentações de documentários e trabalhos acadêmicos sobre o tema do Cangaço. O seminário será encerrado com a Missa do Cangaço, na Grota de Angico, em Sergipe, neste sábado dia 28 de julho . No ano de 1938 Lampião foi assassinado pela polícia junto com sua mulher, Maria Déa - que ficou conhecida como Maria Bonita.
"O que aconteceu em Angico foi um massacre. Onze pessoas foram mortas. Lampião morreu sem disparar um único tiro. Maria Bonita foi degolada viva. O tiro que ela levou não foi mortal. Era uma jovem de 27 anos", diz a psicóloga Rosa Bezerra, filha de Generino Bezerra, um dos cangaceiros que acompanhou Lampião entre 1926 e 1927, na primeira fase do Cangaço, quando não havia mulheres no bando.
Autora do livro "A Representação social do Cangaço", lançado em 2009, Rosa Bezerra estuda o Cangaço como um movimento social que, como Canudos, era considerado marginal e temido pelos poderosos.
"Lampião e muitos outros entraram no Cangaço porque não aceitavam as injustiças dos coronéis do Sertão. O movimento tornou-se um abrigo de todos que se sentiam injustiçados e havia um temor que aqueles homens armados pudessem se aliar a políticos da época", analisa Rosa, que tem especialização em Psicologia Social.
Do pai, falecido em 1978, ela tem poucos registros de sua fase como cangaceiro mas guarda a lembrança que ele considerava Lampião uma pessoa formidável, de muita coragem.
"Meu irmão tinha muita vergonha do nosso pai ter sido do Cangaço e não deixava ele falar nada sobre a época em que seguiu o bando em Pernambuco", revela. Neste sábado (28), Rosa Bezerra irá mais uma vez para a Missa do Cangaço, um registro que ocorre há 20 anos, lembrando um período singular da história do Nordeste.
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