Rio São Francisco: Sintomas da Degradação Generalizada!

24 de Jul / 2018 às 23h00 | Espaço do Leitor

Depois de ir a sete pontos de venda de peixe da sede e do povoado Riacho dos Paes, na margem esquerda do Lago de Sobradinho, em Sento-Sé, para poder encontrar e comprar um peixe de dois quilos e já conhecendo os sintomas que tanto denuncia o descaso com rio, acabei lembrando de uma discussão que eu fazia com a pescadora de Riacho do Paes, saudosa “Dona Totonha do Seu João Pescador” – eu criticando a pesca predatória (com malha miúda), e ela dizendo que “peixe no rio não se acaba”!... O seu esposo nos vendo de perto, combatia o argumento dela, dizendo que vieram de Itiúba/BA por que acabou a produção que tinham de até 600 kg de peixe por semana, no enorme Açude da Camandaróba, construído pelo antigo DENOS!...

Tá muito claro a falta de mais informação e conscientização  no seio da sociedade  ribeirinha sobre as questões produtiva, ambiental e social relacionadas com o rio e seus afluentes: o despejo de esgoto sem tratamento pelas comunidades ribeirinhas; o uso de diversos tipos de agrotóxicos pesados na produção agrícola; o desmatamento que fez assorear o rio; a pesca de peixes muito pequenos;  algo  inadequado dentro d`água – tudo isso contrariou a saúde e a utilidade do Velho Chico:  a navegação ficou com prometida em diversos locais; a saúde humana tá afetada; o meio ambiente ficou degradado; a economia com dificuldade;  o aumento de gasto público com tratamento de doenças que faz aumentar a escassez dos recursos públicos!

Ao conversar com um dos principais comerciantes de peixe na sede municipal, o “Lissou”, onde o freezer estava cheio de Tambaqui e Tilápia “maiores”, comentei com ele, que confessor tê-las porque as vem da Paraíba e da cidade de Sobradinho e ue as duas espécies são criadas em cativeiro!... Ou seja, passamos de exportadores para importadores de peixes!

Com a carência de discussão política de importante teor e conteúdo, enorme parte da sociedade, “hibernada” socialmente - alheia à contextualização conjuntural, passa desapercebida diante de tamanha problemática que é da conta de todo mundo, pois, ninguém está livre dos efeitos negativos desse monstruoso agravamento ambiental e socioeconômica!

Sento-Sé, 24 de julho de 2018. 

Laurenço Aguiar – Ribeiro de Nascença.

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